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Gisèle Pelicot, dopada por ex-marido e abusada por 70 homens deixa tribunal sob aplausos: ‘Estamos todas na mesma luta’

Gisèle Pelicot deixou um tribunal no sul da França nesta quinta-feira (19) sob aplausos e palavras de apoio.
Gisèle Pelicot foi estuprada por anos por homens que o marido procurava quando ela estava desacordada – Crédito: Reprodução/RedesSociais

Gisèle Pelicot, drogada e violentada pelo ex-marido e dezenas de estranhos durante uma década, deixou um tribunal no sul da França nesta quinta-feira (19) sob aplausos e palavras de apoio. A sentença condenou 51 réus, incluindo o ex-marido, Dominique Pelicot, a penas que variam de 4 a 20 anos de prisão.

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Ao deixar o tribunal, Gisèle falou à imprensa, destacando a importância de tornar o caso público, apesar das dificuldades enfrentadas. “Para quem tem uma história desta nas sombras, estamos todas na mesma luta. O apoio das pessoas realmente me tocou e me deu a força para vir ao tribunal e dar a cara“, declarou. Ela também revelou que pensou nos netos ao decidir seguir com o processo: “Foi também por eles que eu liderei essa luta.”

Como funcionava o esquema criminoso?

Dominique Pelicot foi considerado culpado por dopar a ex-mulher com tranquilizantes sem que ela soubesse e entregar seu corpo para abuso por mais de 70 homens ao longo de 10 anos. Segundo a acusação, Dominique misturava os medicamentos na comida e bebida de Gisèle, filmava os estupros e compartilhava os vídeos com estranhos, sem cobrar nada.

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Os crimes ocorreram sem que Gisèle tivesse consciência, e os vídeos só vieram à tona em 2020, quando Dominique foi preso por importunar sexualmente três mulheres em um mercado. Ao apreender o computador dele, a polícia encontrou evidências dos abusos cometidos contra Gisèle e outras vítimas, incluindo fotos da filha do réu, Caroline Daian, e da enteada.

Durante o julgamento, Dominique admitiu os crimes e pediu desculpas à família. Alguns réus alegaram não saber que Gisèle estava drogada, acreditando participar de uma “fantasia sexual“. No entanto, Dominique afirmou que todos os envolvidos tinham ciência de que ela estava inconsciente.

Sentenças e reação pública marcam vitória de Gisèle

O tribunal condenou Dominique à pena máxima de 20 anos de prisão, considerando-o culpado de estupro agravado e outros crimes relacionados. Os demais réus receberam penas de 4 a 18 anos, dependendo do grau de envolvimento.

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Manifestantes aguardavam do lado de fora do tribunal e celebraram a decisão com aplausos e gritos de apoio à vítima. Gisèle foi ovacionada ao sair do local.

O caso também revelou outros crimes. Um amigo de Dominique, Jean-Pierre Marechal, admitiu ter replicado o método usado pelo réu para estuprar sua própria esposa. Marechal confessou o crime e também foi processado.

Gisèle, que tinha 52 anos quando o caso veio à tona, disse em entrevista que assistir aos vídeos dos abusos foi um momento devastador: “Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Dois, três deles sobre mim. Fui sacrificada no altar do vício.”

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As condenações marcam o desfecho de um dos julgamentos mais extensos e impactantes na França, que começou em setembro, no tribunal de Avignon.

Leia também: Homem que dopava esposa para que estranhos a estuprassem é condenado na França

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