Nos últimos anos, a região do Oriente Médio tem sido palco de complexos conflitos geopolíticos e religiosos. Recentemente, novos desenvolvimentos na Síria têm chamado a atenção dos partidos governistas xiitas do Iraque, que contemplam os riscos e as possibilidades de uma intervenção no território sírio.
Desde a invasão dos Estados Unidos no Iraque em 2003, a presença de combatentes sunitas aumentou significativamente na região. Muitos desses combatentes foram integrantes das forças que, mais tarde, formariam o Estado Islâmico. Após quase uma década de instabilidade, eles retornaram em 2013, impactando severamente a segurança do país ao controlar grandes partes do território iraquiano.
Por que o Iraque considera a situação na Síria como uma ameaça?
Os rebeldes sírios, incluindo o grupo Hayat Tahrir al-Sham, apesar de rejeitarem a Al Qaeda e o Estado Islâmico, continuam a ser vistos com desconfiança por facções xiitas no Iraque. Estas facções consideram que uma possível expansão destes grupos poderia ameaçar fronteiras e desestabilizar ainda mais a região. O governo iraquiano, por precaução, mobilizou milhares de soldados e forças de segurança na fronteira com a Síria, incluindo as Forças de Mobilização Popular (PMF).
A PMF, composta por grupos armados alinhados ao Irã, desempenha um papel crucial na defesa das fronteiras iraquianas. Até agora, a ordem predominante é focar na defesa e proteção do território soberano do Iraque, em vez de se envolver diretamente no conflito sírio.
Iraqi federal government spokesperson Bassem al-Awadi emphasized that political action is essential to resolve the crisis, declaring that Syria’s division is a red line for Iraq; however, they do not seek military intervention in the country.#SyriaWar #Iraq… pic.twitter.com/51eTs7lan0
— BasNews English (@EnglishBasNews) December 6, 2024
Várias variáveis podem alterar a posição do Iraque em relação à Síria. Uma mudança significativa no governo sírio, como a queda de Bashar al-Assad, ou uma ofensiva que leve à tomada de Homs pelos rebeldes, são eventos que podem levar o Iraque a reconsiderar sua atuação. Além disso, um aumento das ameaças diretas a comunidades xiitas nas proximidades das fronteiras pode também influenciar uma intervenção iraquiana na Síria.
O porta-voz do governo iraquiano, Bassem Al-Awadi, destacou que o Iraque atualmente não busca uma intervenção militar direta, porém, indicou que a divisão da Síria representa um limite crítico de tolerância que não pode ser ignorado. Uma possível intervenção iraquiana na Síria pode ter profundas implicações para a dinâmica regional. A presença de combatentes xiitas iraquianos e aliados do Hezbollah no território sírio poderia modificar o equilíbrio de poder entre as diferentes facções que operam no país, ampliando conflitos existentes.
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