Algumas letras ou palavras estampadas em uma camiseta ou qualquer outra vestimenta ainda são apenas isso: uma frase altruísta. Em última análise, são as ações as que a tornam uma realidade. Jill Biden apareceu na primeira foto oficial do encontro do G7 com uma jaqueta que diz “Love” nas costas, e até ela teve que responder por usá-la. “Trazemos amor dos Estados Unidos”, disse Jill Biden quando questionada por repórteres sobre sua jaqueta estampada.
“Esta é uma conferência global e estamos tentando trazer unidade ao mundo, e acho que é necessário, neste momento, que as pessoas sintam um sentimento de unidade de todos os países e que tenham um sentimento de esperança após este ano de pandemia”.
Difícil saber se a escolha daquela vestimenta foi estudada e debatida pela equipe de marketing de Joe Biden. É muito provável que sim. Seja como for, talvez seja mais crível na boca de uma primeira-dama isso de que “trazemos amor dos Estados Unidos”. Afinal, nunca será ela a que terá de assinar a ordem para um ataque militar contra um alvo estratégico dos Estados Unidos. Por outro lado, também serviu para reforçar as diferenças ostensivas entre Jill Biden e a sua predecessora, Melania Trump. Continua muito próxima a memória da parka que Melania vestiu em 2018 quando visitou um centro de detenção para crianças migrantes. Naquele 21 de junho de 2018, a esposa de Donald Trump desceu do avião com uma parka que nas costas e em letras gigantes dizia: “Eu realmente não me importo, e você?”.
Por muitas razões, as respectivas frases dessas peças de vestuário se ajustam ao que Melania Trump e Jill Biden representam. Há poucas dúvidas sobre o quão importante um centro de detenção de crianças migrantes pode ser para Donald Trump, para muitos dos seus apoiadores fanáticos e até mesmo para alguns dos legisladores republicanos. Por outro lado, a palavra “Love”, por enquanto, não resulta tão estranha no universo dos democratas que apoiam Joe Biden e a sua gestão.
*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.