
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em um documento interno da Divisão de Estudos e Pareceres, classificou o grupo Hamas como terrorista. Também em um relatório da Polícia Federal (PF) consta a mesma denominação. Os documentos foram assinados em 8 de julho e em 23 de junho respectivamente.
Governo não reconhece Hamas como terrorista
O governo do Brasil não considera o grupo islâmico Hamas como terrorista de forma oficial. O Itamaraty identifica um grupo como terrorista apenas depois de uma definição do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estados Unidos e Reino Unido, que são membros permanentes do CS, além de Japão e Austrália já consideram o Hamas como terrorista de forma individual. Vale ressaltar que ainda não há uma definição do conselho da ONU a respeito do assunto.
Motivo da classificação de terrorista
Essa nota técnica do MJSP e o relatório da PF que classificam o Hamas de terrorista foram elaborados no âmbito da proibição de entrada no Brasil do palestino Muslim M. A. Abuumar, de 38 anos.
Ele é diretor-executivo da empresa de pesquisas Asia Middle East Center (Amec) e seria ligado ao Hamas. Em um site de notícias da Malásia, por exemplo, ele é citado como um representante do grupo palestino.
Abuumar, a esposa grávida, o filho de seis anos e a sogra viajaram para o Brasil de férias, onde visitariam o irmão dele em São Bernardo do Campo (SP). Entretanto, todos eles foram barrados pela PF ao desembarcarem no Aeroporto de Guarulhos (SP) em 21 de junho. A família foi repatriada para a Malásia, onde mora.
A PF justificou em relatório que Abuumar está na base de dados do Terrorist Screening Center (TSC), uma espécie de lista do FBI com nomes de terroristas e supostos envolvidos com terrorismo. Já a nota técnica do Ministério da Justiça dá aval para a interpretação da PF.
🇧🇷 Brasil deporta professor palestino suspeito de ligação com o Hamas. Muslim M. A. Abuumar estava detido desde a última sexta no aeroporto de Guarulhos e, de acordo com a agência Reuters, a operação teria sido a pedido do Departamento de Estado americano. pic.twitter.com/jq2M1vjzNv
— Cícero G. Ståmbowsch (@cg_stambowsch) June 26, 2024