Nesta cidade espanhola o abastecimento de água “desafia” a gravidade

Alhambra – Créditos: depositphotos.com / jeayesy

Desde tempos antigos, a água tem desempenhado um papel essencial na sobrevivência e no desenvolvimento das civilizações. Um exemplo impressionante deste legado é o sofisticado sistema hidráulico do complexo palaciano da Alhambra, em Granada, Espanha. Construída pelos mouros no século 13, a Alhambra não é só um dos maiores exemplos da arquitetura islâmica, mas também um monumento à inovação em engenharia hidráulica.

Publicidade

Localizada no topo do Monte Sabika, a Alhambra era um desafio logístico. A necessidade de transportar água até essa altura fez com que os engenheiros mouros criassem uma solução inovadora: a Acequia Real. Esse canal era responsável por trazer água de rios distantes para alimentar o vasto complexo de jardins e fontes que tornavam a Alhambra um oásis de beleza e serenidade.

Como funcionava o sistema hidráulico da Alhambra?

O sistema hidráulico da Alhambra começava muito antes de se chegar aos seus domínios. A Acequia Real, um canal de aproximadamente 6 km de extensão, iniciava no rio Darro. Uma barragem desviava parte do fluxo do rio, que então era transportado ao longo do canal, desafiando a gravidade até chegar ao topo da colina.

No caminho, a água passava por um sistema complexo de rodas d’água e aquedutos, que elevavam a água a diferentes níveis, distribuindo-a através de uma rede de grandes piscinas, cisternas e tubos de cerâmica. Além de atender às necessidades básicas do palácio, essa rede sofisticada transformava os jardins do Generalife em uma obra de arte de horticultura e paisagismo.

Alhambra – Créditos: depositphotos.com / javiindy

Quais inovações compõem a Fonte dos Leões?

Um dos símbolos mais marcantes da Alhambra é a Fonte dos Leões, localizada no centro do Palácio dos Leões. Esta estrutura ilustra bem a artimanha dos engenheiros da época. Doze leões esculpidos em mármore sustentam um grande prato de onde a água flui, alimentando quatro canais no piso do pátio, representando os quatro rios do paraíso.

Esses canais não eram meramente decorativos; eles tinham a função prática de auxiliar no resfriamento dos pátios, proporcionando conforto térmico em uma região que pode ser bastante quente durante o verão. O design dessa fonte é um excelente exemplo de como os mouros não apenas dominavam a tecnologia da água, mas a incorporavam esteticamente em sua arquitetura.

Como o legado hidráulico mourisco continua a inspirar hoje?

Mesmo nos dias de hoje, o sistema hidráulico da Alhambra continua a ser uma inspiração para engenheiros e cientistas. Programas de restauração, como o do canal de Aynadamar, visam reaproveitar as técnicas antigas para o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental. Esse conhecimento tradicional está sendo resgatado para enfrentar os desafios atuais de gestão hídrica e mudança climática.

Em eventos e congressos, como o Congresso Mundial de Engenharia e Pesquisa Hidroambiental, especialistas estudam esses antigos sistemas para aprender lições valiosas sobre sustentabilidade e conservação dos recursos naturais. As práticas dos mouros nos mostram que é possível harmonizar inovação e preservação ambiental.

Publicidade

Siga a gente no Google Notícias

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.