O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, compareceu ao tribunal nesta terça-feira (9) para depor pela primeira vez no processo de corrupção que enfrenta. Durante sua declaração, ele afirmou ser alvo de perseguição devido às suas políticas de segurança nacional e atacou a imprensa israelense, que acusou de ser enviesada e “esquerdista“.
O depoimento ocorre em um momento crítico, com Israel conduzindo operações militares na Faixa de Gaza e lidando com tensões crescentes na região. Apesar das circunstâncias, Netanyahu se mostrou confiante ao se defender. “Estou esperando há oito anos por este momento para dizer a verdade”, declarou ao tribunal.
Como Netanyahu se defende das acusações?
Netanyahu é acusado de conceder benefícios regulatórios no valor de 1,8 bilhão de shekels (aproximadamente US$ 500 milhões) ao conglomerado Bezeq Telecom Israel. Em troca, teria recebido cobertura favorável em um site controlado pelo ex-presidente da empresa.
Outra acusação envolve supostas negociações com o jornal Yedioth Ahronoth, em que ele teria oferecido apoio a uma legislação que prejudicaria um concorrente do veículo, em troca de cobertura positiva. Netanyahu negou todas as alegações, reafirmando sua inocência e apontando para motivações políticas por trás das acusações.
Em depoimento, o premiê afirmou que, se tivesse cedido à ideia de um Estado Palestino, teria recebido apoio da mídia. “Se eu quisesse uma boa cobertura, tudo o que eu teria que ter feito seria sinalizar em direção a uma solução de dois Estados. Se eu tivesse dado dois passos para a esquerda, teria sido aclamado”, disse.
Ele preferiu permanecer de pé durante a audiência, destacando-se no tribunal. Netanyahu argumentou que é um líder firme na defesa de Israel e que resistiu às pressões tanto de potências internacionais quanto da mídia local.
Contexto da guerra em Gaza
Enquanto Netanyahu enfrenta o tribunal, o governo israelense continua com operações intensas contra o Hamas na Faixa de Gaza. A ofensiva aérea, acompanhada de incursões terrestres, foi iniciada após o grupo radical atacar Israel e causar a morte de 1.200 pessoas, segundo números oficiais. Reféns israelenses ainda estão sob o poder do Hamas.
Israel promete destruir as capacidades militares do grupo, mas os ataques têm provocado uma crise humanitária severa. A ONU alerta para uma situação alarmante em Gaza, com escassez de alimentos, medicamentos e abrigo para a população deslocada.
Dentro de Israel, protestos têm sido realizados contra Netanyahu, com parte da população insatisfeita pela ausência de um cessar-fogo que garanta a libertação dos reféns. Mesmo sob pressão política e social, o premiê segue reafirmando suas ações como essenciais para a segurança do país.
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