O terremoto de magnitude 6.8 que assolou o Marrocos na última semana foi um fenômeno raro. Foi o mais mortal que o país já vivenciou em mais de 60 anos, matando 2.682 pessoas e ferindo outras 2.501, segundo informações da emissora Al Jazeera.
Normalmente, terremotos são causados ao longo da fenda onde duas placas tectônicas se movem uma contra a outra. Em Marrocos, isso acontece nos pontos de encontro entre as placas da África e da Eurásia.
Essa área, porém, fica ao norte do país, então os tremores geralmente ocorrem mais perto de Tânger do que de Marraquexe. O mais recente aconteceu na província de al-Haouz, nas montanhas do Alto Atlas, que ficam a 75 quilômetros de Marraquexe, a quarta maior cidade do país.
Causa
Até agora, a explicação é que o terramoto foi provocado por uma falha tectônica inversa – onde a borda da rocha de um lado de uma falha desliza por baixo da outra – entre as microplacas de Marrocos e da Península Ibérica, que fazem parte da placa africana maior.
A geóloga Paula Marques Figueiredo, que pesquisa sobre tectônica ativa e neotectônica, disse que as falhas inversas ficavam a norte das montanhas do Atlas e mergulharam em direção a elas em determinado ponto.
Durante o terramoto, a borda que se estende em direção às montanhas deslizou sobre a outra, empurrando a encosta da montanha para cima, como consequência da tensão acumulada entre as placas africana e euroasiática ao longo do tempo.
“As falhas só conseguem conter a tensão até certo ponto e, de vez em quando [em intervalos de milhares de anos], um terremoto acontece como mecanismo para liberar a tensão [acumulada]“, explicou a geóloga.
De acordo com o sismólogo Remy Bossu, o cenário mais provável agora é que haja tremores secundários durante semanas antes que os níveis de atividade sísmica voltem ao normal.
“O ritmo diminui com o tempo. Mas isso não significa que o abalo secundário mais forte não possa acontecer cinco ou 10 dias depois. Não sabemos disso, mas a frequência diminui com o tempo“, detalhou Bossu.