O Papa Francisco afirmou neste domingo (06) de novembro, que a luta pelos direitos das mulheres é uma “batalha contínua”, e condenou o machismo como algo mortal para a humanidade e a mutilação genital feminina como um crime que deve ser interrompido. Nesse contexto, destacou: “Eu venho de um povo machista, nós argentinos somos machistas”.
Falando a repórteres no avião de volta de uma viagem de quatro dias ao Barein predominantemente muçulmano, ele também elogiou as mulheres que nomeou para cargos de alto escalão no Vaticano, dizendo que elas melhoraram as coisas no governo.
Ele não mencionou campanhas para permitir que as mulheres se tornem clérigas – o Sumo Pontífice e seus antecessores disseram que a questão das mulheres sacerdotisas está encerrada.
Francisco respondeu a uma pergunta sobre os protestos das mulheres no Irã, mas passou a falar sobre os direitos das mulheres em geral.
Papa Francisco falou sobre os direitos das mulheres
“Temos que dizer a verdade. A luta pelos direitos das mulheres é uma batalha contínua”, disse ela, listando lutas históricas como o direito ao voto.
“Temos que continuar lutando por isso porque as mulheres são um presente. Deus não criou o homem e depois deu a ele um cachorrinho para brincar. Ele criou os dois igualmente, homem e mulher”, disse.
“Uma sociedade que não é capaz (de permitir que as mulheres tenham maiores funções) não avança”, acrescentou.
A crítica de Francisco ao machismo
Papa criticou o machismo, reconhecendo que ainda há muito dele no mundo, inclusive na Argentina. “Esse machismo mata a humanidade”, disse ele. “Eu venho de uma cidade machista, nós argentinos somos machistas”, acrescentou.
Também condenou a mutilação genital feminina (MGF) como um “ato criminoso”, repetindo um importante apelo feito em fevereiro no Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina da ONU.
Segundo as Nações Unidas, a MGF está concentrada em cerca de trinta países da África e do Oriente Médio, mas também é praticada por populações imigrantes em outros lugares. Mais de quatro milhões de meninas correm o risco de serem submetidas à MGF este ano, segundo a ONU.
Ele falou das mulheres que ele nomeou para cargos de liderança no Vaticano, mencionando pelo nome a irmã Raffaella Petrini, uma freira que, como vice-governadora da Cidade do Vaticano, é efetivamente a mulher mais poderosa do local.
“Tenho observado que cada vez que uma mulher ocupa um cargo (de responsabilidade) no Vaticano, as coisas melhoram”, comentou. Ele também citou o impacto de cinco mulheres que ele nomeou para um departamento que supervisiona as finanças do Vaticano.
“Esta é uma revolução (no Vaticano) porque as mulheres sabem encontrar o caminho certo para seguir em frente”, argumentou.
Francisco também nomeou mulheres como vice-ministra das Relações Exteriores, diretora dos Museus do Vaticano, vice-diretora da Sala de Imprensa do Vaticano, além de quatro mulheres como conselheiras do Sínodo dos Bispos, que prepara grandes reuniões.
A Igreja ensina que só os homens podem ser sacerdotes porque Jesus escolheu os homens como seus apóstolos.
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*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.