A guerra civil na Síria, que já dura mais de 13 anos, foi marcada por uma recente reviravolta liderada por Abu Mohammad al-Golani. Al-Golani, de 42 anos, é o líder do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), cuja trajetória tomou rumos impressionantes ao desafiar o regime sírio de Bashar al-Assad. A ofensiva rápida e eficaz do HTS resultou em significativas conquistas territoriais, alterando o equilíbrio de poder nas regiões sob controle de Assad.
No final de novembro, o HTS iniciou uma série de ataques que culminaram na captura de Aleppo, a maior cidade da Síria, e outros territórios no sul. Essa manobra estratégica destacou al-Golani como um dos principais atores do conflito, sublinhando sua capacidade de coordenação militar e política na região de Idlib, dominada pelo HTS há anos. Os recentes avanços criaram um novo cenário político no país, deixando a capital, Damasco, comemorando a libertação do regime de Assad.
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Quem é Abu Mohammad al-Golani?
Nascido Ahmed Hussein al-Shara na Arábia Saudita, Abu Mohammad al-Golani provém de uma família de exilados sírios. Sua jornada começou quando voltou à Síria na infância, eventualmente se juntando à Al-Qaeda em 2003 para combater a ocupação norte-americana no Iraque. Detido em uma prisão americana durante seu tempo no Iraque, ele retornou à Síria, onde fundou a Frente Nusra, um braço da Al-Qaeda que mais tarde evoluiu para o HTS.
Após cortar laços formais com a Al-Qaeda, al-Golani buscou legitimar o HTS, afastando-se das ambições jihadistas globais e focando em construir uma estrutura de governança local na Síria. Essa transformação buscava assegurar reconhecimento e apoio para o HTS, enquanto administrava os territórios sob seu comando com a cobrança de impostos e emissão de documentos de identidade.
A liderança de al-Golani e o crescimento do HTS levantam questões sobre o tipo de governo que o grupo pode instaurar em suas áreas de controle. Em Idlib, o HTS promove uma governança baseada em uma ideologia sunita conservadora, gerando críticas por suas práticas autoritárias e repressão a dissidentes. Al-Golani está tentando tranquilizar minorias religiosas para facilitar uma coexistência pacífica nas áreas capturadas.
A habilidade de al-Golani para consolidar seu controle e unir as diversas facções sírias é vista como um desafio crucial. Comparado por alguns analistas com figuras influentes em outros conflitos, como Volodmir Zelenski durante a guerra na Ucrânia, al-Golani enfrenta o teste de provar-se como um líder capaz de navegar as complexas dinâmicas socio-políticas da Síria pós-guerra civil.