Situada a uma impressionante altitude de 5.100 metros acima do nível do mar, La Rinconada, no Peru, mantém-se como a cidade mais alta do planeta. Localizada nos Andes peruanos, no departamento de Puno, esta localidade se tornou mundialmente conhecida não apenas por sua altitude extrema, mas também pelas condições desafiadoras enfrentadas por seus habitantes.
Conhecida como o “paraíso do diabo”, La Rinconada deve sua origem à “febre do ouro”. A busca pela promessa de riqueza trouxe milhares de pessoas para a cidade, atraídas pela mineração de ouro. Essa prática, no entanto, é realizada de forma majoritariamente informal, o que acarreta em consequências sociais e ambientais severas para a população local.
Condições de Vida em La Rinconada
A população de La Rinconada, estimada entre 30 mil e 50 mil pessoas, vive em um ambiente onde a sobrevivência é constantemente desafiada. Entre os idiomas falados, destacam-se o espanhol, aimará e quéchua, refletindo a diversidade cultural da região. Os trabalhadores, em busca do precioso ouro, enfrentam condições extremas para extrair o mineral.
Um aspecto preocupante da mineração em La Rinconada é o uso do mercúrio, que contamina o ar e o solo, expondo os moradores a riscos de envenenamento. Essa ameaça, aliada à escassez de oxigênio devido à altitude, contribui para uma expectativa de vida drasticamente reduzida, girando em torno de 30 a 35 anos.
Como os Trabalhadores Lutam por Sobrevivência?
Os mineiros de La Rinconada recebem seu pagamento através de uma prática chamada “cachorreo”, onde em vez de um salário fixo, recebem uma parte do ouro encontrado. Essa forma de remuneração é um dos fatores que perpetua a mineração informal, com mineradores depositando suas esperanças na sorte de encontrar mais ouro.
Além disso, a infraestrutura praticamente inexistente torna a vida na cidade ainda mais desafiadora. A população depende de suprimentos básicos que precisam ser transportados de regiões mais baixas, o que encarece o custo de vida. A falta de água potável e saneamento são problemas críticos enfrentados pelos residentes.
O Impacto da Altitude: Mal de Montanha Crônico
Viver a 5.100 metros acima do nível do mar tem impactos significativos na saúde das pessoas. De acordo com pesquisas, uma em cada quatro pessoas em La Rinconada sofre do mal de montanha crônico. Esse mal surge como uma reação do corpo à baixa quantidade de oxigênio disponível em altitudes elevadas.
Os sintomas comuns incluem dores de cabeça, fadiga, náuseas, e perda de apetite. No entanto, estudos indicam que populações expostas a grandes altitudes desde a infância podem desenvolver adaptações fisiológicas, como um aumento no volume pulmonar, que ajudam a mitigar os efeitos adversos.
Por Que as Pessoas Continuam Chegando a La Rinconada?
Apesar das condições adversas, La Rinconada ainda atrai aqueles em busca de oportunidades econômicas em meio à incerteza. A possibilidade de encontrar ouro e melhorar sua condição financeira faz com que muitos aceitem os riscos associados.
Portanto, La Rinconada representa um exemplo impactante das complexas interações entre a economia, meio ambiente e saúde. A determinação de seus habitantes em face de diversos desafios reflete tanto a resistência como a desesperança que caracterizam a vida em algumas das regiões mais remotas do mundo.
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