O equilíbrio ambiental do planeta Terra está sob ameaça devido ao acelerado aumento da temperatura global e suas consequências diretas. Um estudo conduzido pelo Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) trouxe à tona preocupações sobre sete processos críticos que já ultrapassaram ou estão perto de ultrapassar níveis de segurança. Esses processos afetam diretamente o clima, a biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos naturais.
“A avaliação geral é que o paciente, o Planeta Terra, está em estado crítico. Seis dos nove ‘Limites Planetários’ foram ultrapassados, e sete processos apresentam tendência de aumento da pressão. Em breve, a maioria dos parâmetros da ‘Verificação da Saúde Planetária’ estará na zona de alto risco”, afirmou Johan Rockström, diretor do PIK, ao g1.
Esses fenômenos incluem desde o desmatamento e a urbanização desenfreada até a poluição e o uso excessivo de fertilizantes. Entender a dimensão desses impactos é crucial para enfrentar a crise ambiental que ameaça o equilíbrio da vida na Terra. A seguir, são detalhados alguns dos processos que exigem uma atenção urgente.
Quais são os processos críticos segundo o estudo?
Os pesquisadores identificaram sete áreas em risco que evidenciam o estado de alerta do planeta. Destacam-se as mudanças no uso da terra, o aumento das temperaturas globais, a redução da biodiversidade e a ruptura do ciclo do nitrogênio e do fósforo. Estas áreas estão em uma zona de alto risco, indicando a necessidade de medidas efetivas imediatas.
Além disso, a poluição química e o uso insustentável de água doce agravam ainda mais o cenário ambiental. A acidificação dos oceanos, em particular, representa uma ameaça iminente à vida marinha, afetando organismos essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Como o uso da Terra afeta o equilíbrio ambiental?
As transformações no uso da terra, principalmente através do desmatamento e expansão urbana, estão destruindo habitats e comprometendo funções ecológicas vitais. A cobertura florestal tem sido reduzida significativamente, já que aproximadamente apenas 59% da área original é preservada atualmente. As áreas urbanas e agrícolas têm substituído vastas regiões de florestas tropicais e boreais, reduzindo a capacidade dessas áreas em regular o clima e proteger a biodiversidade.
Essas mudanças estão intimamente atreladas à agricultura extensiva e ao crescimento das áreas urbanas, que têm sido as principais responsáveis pelo desmatamento global entre 2000 e 2018. A degradação ecológica resultante compromete não apenas a flora e fauna nativas, mas também a capacidade do planeta de sustentar a vida humana de forma sustentável.
Exploração de recursos e ciclo do nitrogênio
O uso desenfreado de fertilizantes está prejudicando os ciclos de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo. Estes são elementos essenciais para a vida, mas o seu uso excessivo resultou em níveis perigosos de saturação no ambiente, particularmente em corpos d’água. Este desequilíbrio contribui para a proliferação de algas e a redução de oxigênio, levando a zonas mortas em ambientes aquáticos.
Os estudos indicam que a produção industrial de nitrogênio e fósforo para fertilizantes ultrapassa os limites seguros estipulados, levando a uma degradação sem precedentes dos ecossistemas aquáticos e aumentando o risco de perda de biodiversidade.
A acidificação dos oceanos é causada pela maior absorção de CO₂ da atmosfera pelas águas do mar, o que altera o equilíbrio químico do oceano. Essa mudança afeta organismos marinhos calcificados, como corais e moluscos, comprometendo suas capacidades de formar estruturas saudáveis e ameaçando a sobrevivência dos recifes, fundamentais para muitos sistemas ecológicos.
Com níveis de saturação de aragonita próximos dos limites seguros, a vida marinha enfrenta riscos crescentes que podem levar à extinção de várias espécies e à destruição de ecossistemas marinhos vitais. Esta situação é um alerta para a necessidade de ações globais integradas para a conservação dos oceanos e a redução das emissões de CO₂.