
A Câmara Baixa das Filipinas aprovou na quarta-feira (5) o impeachment da vice-presidente Sara Duterte, filha do ex-presidente Rodrigo Duterte. A decisão abre caminho para um julgamento no Senado, onde pode ser destituída do cargo e impedida de disputar futuras eleições.
A sessão legislativa contou com forte apoio à medida: 215 dos 306 deputados votaram pelo impeachment, em meio a aplausos. O Senado recebeu a queixa logo após a votação, mas ainda não há data definida para o julgamento.
Duterte é acusada de mau uso de fundos públicos enquanto vice-presidente e ministra da Educação, além de enriquecimento ilícito e ameaças contra o presidente Ferdinand Marcos Jr., a primeira-dama e o presidente da Câmara Baixa. A vice nega todas as acusações.
Em 23 de novembro, durante um discurso, ela declarou ter contratado alguém para assassinar essas autoridades caso fosse morta. Apesar disso, alegou que suas palavras foram tiradas de contexto.
Marcos, por sua vez, afirmou não apoiar o impeachment, mas destacou que não tem poder sobre as decisões do Legislativo.
Rixa política influenciou o impeachment?
A destituição de Duterte representa um golpe para sua família, que ganhou influência nacional após a chegada de Rodrigo Duterte à Presidência em 2016. Com um discurso duro contra o crime, ele fortaleceu sua base política e promoveu uma violenta guerra às drogas, que resultou em milhares de mortes.
O impeachment ocorre em meio a um desgaste entre Sara Duterte e Ferdinand Marcos Jr., depois do rompimento da aliança entre suas famílias, que garantiu a vitória nas eleições de 2022.
O irmão da vice-presidente, Paolo Duterte, deputado por Davao, afirmou que a ação é motivada por disputas políticas.
“Marque minhas palavras: esse abuso imprudente de poder não terminará a favor deles”, declarou.
A acusação formal contra Sara Duterte, com 33 páginas, inclui denúncias de violação da Constituição, corrupção, suborno e traição à confiança pública. Caso seja condenada pelo Senado, além da perda do cargo, ela ficará proibida de disputar qualquer cargo público.
Sobrevivência política de Duterte está em risco?
O Senado das Filipinas, composto por 23 membros, precisará de dois terços dos votos para confirmar o impeachment. Entre os senadores, há tanto aliados da vice-presidente quanto apoiadores ferrenhos de Marcos, tornando o resultado incerto.
O julgamento acontece meses antes das eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para maio. O resultado poderá consolidar o poder de Marcos e definir o futuro político da família Duterte.
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