Entidades apontam uma morte na madrugada em decorrência do frio em SP

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(Crédito: Roberto Parizotti)

Entidades que acompanham a população em situação de rua em São Paulo apontam pelo menos uma morte em decorrência do frio na madrugada de hoje (30) na capital. O caso foi registrado na Praça da Sé. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura de São Paulo, esta foi a noite mais fria do ano, com média da temperatura mínima de 5,7 graus Celcius (ºC). Não fazia tanto frio assim na cidade desde julho de 2019.

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Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, aponta que essas mortes por hipotermia são subnotificadas, pois os médicos registram, normalmente, a patologia de base. “A pessoa teve um infarto, mas estava deitada na rua em um papelão com 5ºC, então o que aconteceu? O que potencializou foi o frio”, questiona. Ele lembra que casos de infartos, por exemplo, aumentam no inverno.

Segundo o padre, a morte na Sé foi identificada como colite, uma inflamação do cólon. A Secretaria de Saúde do Município informou que não foi verificada ocorrência de verificação de óbito com essas características. “Constatam parada cardíaca, infarto do miocárdio, pneumonia, cirrose, nunca se diz que foi por causa do frio. Para chegar à constatação de hipotermia precisaria fazer exames muito sofisticados que não são feitos”, lamenta.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo apontou que não foi acionada para casos envolvendo a população de rua na região da Sé. Foi verificada uma ocorrência envolvendo a população de rua na noite de ontem (29). Segundo a pasta, a vítima teve o corpo incendiado e foi hospitalizada. Ainda segundo o órgão, mortes por causa natural são encaminhadas aos órgãos de saúde para emissão da declaração de óbito e demais providências legais.

Além deste caso da Sé, Darcy Costa, do Movimento Nacional da População de Rua, relata estar acompanhando o caso de outro homem morto por morte natural nesta madrugada na mesma região. O movimento calcula pelo menos 12 mortes por causa natural nas ruas de São Paulo desde o início do ano, especialmente nas noites de frio mais intenso.

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“A insalubridade dos serviços [de acolhimento], a falta de segurança dentro dos serviços faz com que a população de rua procure evitar os espaços. E faz com que as pessoas permaneçam na rua, às vezes se sentem mais seguras na maloca delas”, aponta Costa.

Censo feito em 2019 pela prefeitura apontou que há 24.344 pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo.

Números

De acordo com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, a prefeitura dispõe de 101 Centros de Acolhida para População em Situação de Rua, com mais de 24 mil vagas. A pasta informou ainda que, devido à nova onda de frio, providenciou que o Clube Esportivo Pelezão receba pessoas que aceitarem o acolhimento das equipes Operação Baixas Temperaturas a partir de hoje (30). Nesta unidade são 140 vagas.

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Ainda segundo a prefeitura, 227 pessoas foram acolhidas na madrugada desta quarta-feira. Foram registradas 30 recusas e foram distribuídos 200 cobertores. Desde 30 de abril, a prefeitura contabiliza 10.744 acolhimentos, 779 recusas e 9.537 cobertores distribuídos.

O governo de São Paulo anunciou hoje (30) que vai doar à população em situação de rua da capital 25 mil cobertores e 25 mil sacos térmicos de dormir.

Solução emergencial

Lancellotti e Costa defendem como solução emergencial mais efetiva a disponibilidade de leitos na rede hoteleira ou pensões. “Está sendo usada timidamente”, avaliou o padre da Pastoral do Povo da Rua. Ele também defende um controle de vagas centralizado para permitir melhores condições de oferta nos abrigos.

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“Pessoas que estão mais fragilizadas, pessoas idosas, mães com crianças [deveriam ficar nas vagas dos hotéis]. E garantir também a higiene dos espaços, porque muitas vezes fica insuportável, precisa de um operacional contínuo. Deveria-se diminuir o número de pessoas num mesmo abrigo, esse modelo de galpão com centenas de pessoas”, avaliou Costa.

Solicitação

A prefeitura destaca que a população pode solicitar uma abordagem social pela Central 156 (ligação gratuita nas opções 0 e em seguida 3). O pedido pode ser anônimo e é necessário informar o endereço onde a pessoa em situação de rua está, citar características físicas e detalhes da vestimenta.

(Agência Brasil)

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