O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (8) o compartilhamento de provas do inquérito sobre o vazamento de dados sigilosos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) com a investigação sobre fake news e a atuação de uma milícia digital contra as instituições brasileiras.
O ministro atendeu um pedido da delegada Denisse Ribeiro, chefe do inquérito sobre o vazamento de dados sigilosos. Segundo Moraes, a demanda é válida porque pode haver semelhanças entre o modelo de atuação dos grupos investigados em cada inquérito.
“Verifico a pertinência do requerimento da autoridade policial, notadamente em razão da identidade de agentes investigados nestes autos e da semelhança do modus operandi das condutas aqui analisadas com as apuradas nos Inquéritos 4.874/DF e 4.888/DF, ambos de minha relatoria”, escreveu Moraes.
Vale ressaltar que a PF já concluiu que Bolsonaro cometeu crime ao vazar dados sigilosos de um inquérito da corporação sobre um ataque ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Contudo, a PF não indiciou o presidente alegando que ele possui foro privilegiado.
Além de publicar a íntegra do relatório preliminar em rede social, o presidente Jair Bolsonaro também distorceu dados da investigação durante uma live em suas redes sociais.
Os dados dessa investigação serão compartilhados com a equipe de policiais que apura a atuação de uma milícia digital que desestabiliza e deslegitima a democracia e as instituições brasileiras. Entre os alvos, estão filhos e aliados próximos de Bolsonaro.
O jornalista Augusto Nunes, apoiador público de Bolsonaro, fez uma postagem em seu Twitter oficial comparando a atuação da delegada Denisse Ribeiro com a ‘Schutzstaffel’, organização paramilitar ligada ao Partido Nazista. No comentário, Nunes faz uma analogia com os dois ‘s’ do nome de Denisse com a sigla da organização nazista ‘SS’.
Imaginei que o prenome de Denisse Ribeiro fosse um erro do dono do cartório. Pelo que anda fazendo a delegada da PF a serviço de Alexandre de Moraes, o SS pode ser uma reprodução das iniciais da milícia criada pelo partido único da Alemanha nazista
— Augusto Nunes (@augustosnunes) February 5, 2022