RJ: obras da rodovia União e Indústria devem terminar no fim do ano

RJ obras da rodovia União e Indústria devem terminar no fim do ano
(Crédito: Canva Fotos)

Com investimentos de R$ 61 milhões dos governos federal e estadual, a histórica rodovia RJ-134, conhecida como União e Indústria, que liga o Rio de Janeiro a Minas Gerais, passa por obras de revitalização, cuja conclusão está programada para o final deste ano. 

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Falando hoje (5) à Agência Brasil, o secretário de Estado de Cidades do Rio de Janeiro, Uruan Andrade, lembrou que desde que assumiu o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), em 2020, recebeu do governador Cláudio Castro a incumbência de resolver os problemas de deslizamento de encostas e piso da estrada. Segundo Andrade, as obras do primeiro trecho, que liga Pedro do Rio a Posse, distritos do município de Petrópolis, têm término previsto para novembro.

“Já estamos fazendo uma contenção nessa estrada, que continua de São José do Rio Preto até Teresópolis. Ela é de tanta importância para o estado que nós, em agosto, estaremos dando início a outro trecho que vai de Posse a São José do Rio Preto e daí até a entrada de Teresópolis. Vão ter mais nove a dez contenções, além de revitalizar ela toda”, adiantou o secretário.

Uruan Andrade salientou que a rodovia RJ-134 é muito importante para o turismo e, também, para o escoamento em logística da produção agrícola. O transporte rodoviário será priorizado, observou o secretário de Estado de Cidades. Informou também que toda a estrada será sinalizada, tanto horizontalmente como verticalmente. Andrade reforçou que o lançamento da complementação da RJ-134, que ocorrerá entre agosto e setembro, está orçada em R$ 90 milhões, incluindo todas as contenções. “Vai ser muito bom para o estado e para a região serrana. Grande desenvolvimento para o estado, que vai voltar a ter condição de escoar sua produção, e para o turismo”.

O presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Fabiano Barros, disse à Agência Brasil que a União e Indústria é a principal ligação das localidades vizinhas da região serrana fluminense e distritos de Petrópolis, principalmente. Para ele, a revitalização da rodovia “é de grande diferencial para nós”. A estrada liga o Rio de Janeiro a Juiz de Fora (MG), passando por todos os distritos e bairros petropolitanos, onde estão os principais centros comerciais da cidade e os polos gastronômicos. O Petrópolis Convention Bureau reúne hoteleiros, bares, restaurantes e prestadores de serviços do setor de turismo. O presidente da entidade salientou que a cidade é um dos 22 destinos sanitariamente seguros, elencados pelo Ministério do Turismo, e que vem, neste período, recebendo veranistas e turistas de localidades mais próximas, em viagens de carro, sobretudo do Rio e de Minas.

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Fabiano Barros disse que as mudanças introduzidas na mobilidade urbana já fazem diferença e estão dando resultados. Além de ser crucial para o turismo, a estrada é fundamental para toda a força de trabalho dos distritos de Petrópolis, onde moram cerca de 110 mil pessoas. No trecho executado pelo governo federal, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) fez algumas intervenções nas paradas de ônibus e há projetos para mais modernizações. A recuperação da estrada é “muito bem-vinda neste momento de retomada (das atividades) e os investimentos são muito bem aceitos pelo ‘trade’ turístico daqui”, declarou Barros.

Da RJ-134 saem as ligações para localidades como Secretário, Brejal, Vale do Cuiabá, Pedro do Rio e outros lugares do município serrano de Petrópolis, onde estão localizados 80% dos meios de hospedagem da Cidade Imperial, totalizando 4,8 mil leitos. Na rodovia de 160 anos, completados em junho passado, a União e o governo fluminense promovem, simultaneamente, a reforma de dois trechos sob sua responsabilidade, que somam 38,9 quilômetros em Petrópolis, do total de 144 quilômetros entre a Cidade Imperial e Juiz de Fora. Os investimentos alcançam R$ 61 milhões, sendo R$ 40 milhões do governo federal e R$ 21,7 milhões do governo estadual.

História

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Marco histórico da engenharia do século 19, a União e Indústria foi a primeira rodovia macadamizada da América Latina. O processo foi desenvolvido pelo engenheiro escocês John Loudon McAdam e consiste em um calçamento de sucessivas camadas de pedras postas numa fundação, com valas laterais para drenar água da chuva.

As obras foram autorizadas pelo imperador Dom Pedro II em 1852, mas só foram iniciadas em 1856, após diversas alterações no projeto original. A rodovia foi inaugurada em 1861. Na sua construção trabalharam mais de três mil imigrantes alemães. A festa de inauguração contou com a presença de toda a família imperial. O imperador Dom Pedro II percorreu a estrada até Juiz de Fora, acompanhado do fotógrafo imperial Revert-Henry Klumb, cujos registros estão preservados um século e meio depois.

Na época, as diligências, com capacidade para 14 passageiros, cumpriam o percurso em  12 horas, em uma velocidade de 16,3 quilômetros por hora (km/h), tempo considerado um marco só alcançado com a modernização da via. As diligências saíam, em vários horários, a partir das 6h, simultaneamente de Petrópolis e de Juiz de Fora, e se cruzavam no caminho. Cada veículo era puxado por quatro mulas que eram trocadas em estações, a cada 12 quilômetros.

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A rodovia União e Indústria foi construída pelo engenheiro Mariano Procópio Ferreira Lage que, para executar a obra, fundou em 1853 a Companhia União e Indústria, em capital aberto, valor de cinco mil contos de réis, divididos em 10 mil ações. Elas foram arrematadas, em sua maioria, pelos ricos proprietários das fazendas de café situadas no percurso. O nome União e Indústria fazia referência à união das Províncias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro e às indústrias, inclusive a “indústria” do café, que a estrada viesse a estimular. De acordo com relatos de historiadores como Ângela Zanei e Pedro Vasquez, a Companhia União e Indústria também efetuava o transporte de carga, principalmente de café, em carroças com capacidade para três mil quilos do produto.

Gastronomia

Fabiano Barros informou que à beira da rodovia estão situados dezenas de restaurantes que fazem a região de Petrópolis ser o terceiro maior polo gastronômico do país, com cerca de 150 estabelecimentos. “É uma fartura de opções em gastronomia e tudo sendo conduzido pela União e Indústria; por isso, a importância também dela estar conservada e modernizada”.

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Em todo o trecho de Petrópolis da rodovia circulam por dia, em média, cerca de 25 mil veículos. A estrada é usada para o escoamento de produção rural de várias localidades, principalmente Brejal e Bonfim, e usada para acessar cidades como São José do Vale do Rio Preto, Areal e Três Rios, além de ser trecho obrigatório para a BR-495, que liga Petrópolis a Teresópolis e a Nova Friburgo.

(Agência Brasil)

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