Seletiva exigente marca reta final do atletismo paralímpico

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Marco para muitos atletas da volta às competições após cerca de um ano e meio, devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a seletiva que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) realizou para definir a seleção de atletismo na Paralimpíada de Tóquio (Japão) foi bem exigente. Para alcançarem os índices, foi necessário que os esportistas que ainda não estivessem garantidos nos Jogos atingissem resultados que os colocassem, em média, entre os três melhores do mundo nas respectivas provas.

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“A gente entendeu que [o resultado da seletiva] foi bastante positivo e proveitoso. Estamos em um momento bastante difícil para qualquer tipo de evento. Formatamos o processo com treinadores e clubes para que fosse possível mais uma oportunidade [de obtenção de índice] aos atletas elegíveis. Alguns estavam desde março do ano passado sem evento. Sabíamos que surgiriam novos atletas e que alguns poderiam melhorar suas marcas. Isso aconteceu e foi importante. Tivemos uma evolução grande e notável nas áreas de arremesso e lançamento”, afirmou o diretor técnico adjunto do CPB, Jonas Freire, à Agência Brasil.

O Brasil tem direito a 54 vagas em Tóquio no atletismo paralímpico. Treze estavam asseguradas aos brasileiros medalhistas de ouro no Mundial de Dubai (Emirados Árabes Unidos), em 2019. Outros sete atletas se tornaram aptos a competir nos Jogos por terem atingido índice nos torneios homologados pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) entre 30 de agosto de 2019 e o último dia 19 de junho.

Na seletiva do CPB, realizada no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, foram 34 vagas em disputa. Ao todo, 122 esportistas participaram (incluindo aqueles garantidos) e oito novos atletas alcançaram resultados, que ainda têm de ser homologados pelo IPC, para também integrarem a delegação. As 26 vagas restantes serão preenchidas pelo ranking mundial. O critério deve contemplar nomes como os velocistas Alan Fonteles, campeão paralímpico em 2012 e terceiro do mundo na classe T62, ou Vinícius Rodrigues, recordista mundial dos 100 metros da classe T63 e líder do ranking da categoria. Ambos competem entre corredores amputados de perna.

Das oito novidades entre os aptos para Tóquio, dois (Fábio Bordignon, da classe T35, e Ricardo Mendonça, da T37, ambas para atletas com paralisia cerebral) são velocistas, que alcançaram os índices entre os dias 8 e 12 deste mês, na primeira parte da seletiva. Os demais habilitados atingiram as marcas no segundo período, de 15 a 19 de junho, nas disputas de salto, fundo, meio fundo e campo (arremesso e lançamento).

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“[A convocação] está sendo fechada no fim deste mês. Vamos avaliar quais atletas irão [a Tóquio]. Temos uma competitividade muito grande no Brasil em algumas provas, especialmente as de velocidade nas classes T11 [baixa visão] e T47 [amputados de braço abaixo do cotovelo]. Pelo regulamento, só podemos ter três atletas do mesmo país em uma prova”, explicou Freire.

De fato, tanto na T11 feminina como na T47 masculina, o Brasil tem três das cinco melhores marcas do planeta dos 100 metros. Entre as mulheres, são elas Jerusa Geber (primeira), Lorena Spoladore (terceira) e Alice Correa (quarta), sendo que Jerusa está confirmada nos Jogos por ser campeã mundial em 2019. Entre os homens, Lucas de Sousa está em quinto e há uma dobradinha verde-e-amarela no topo, com o atual campeão paralímpico e mundial Petrúcio Ferreira na ponta, seguido por Thomaz Ruan, de apenas 19 anos e medalhista de prata em Dubai. Os dois são os únicos da categoria com tempo abaixo de 11 segundos no ranking da prova.

“Tivemos uma renovação grande do Rio de Janeiro para cá, com atletas que são ainda muito jovens, mas já têm experiência internacional. O Thomaz foi vice mundial com 17 anos. Temos a Jardênia [Félix, quarta melhor do ranking da classe T20, para esportistas com deficiência intelectual], de 17 anos, que esteve em Mundial de Jovens. Não quer dizer que isso [renovação] influencia diretamente na medalha, mas você entende ter um grupo a longo prazo para disputá-las”, destacou o dirigente do CPB.

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O atletismo é a modalidade na qual o Brasil mais conquistou medalhas paralímpicas: 142, sendo 33 só na Rio 2016, representando pouco mais de 45% do total de pódios do país no evento. No Mundial de 2019, a delegação brasileira ficou no segundo lugar geral, com 39 medalhas (14 de ouro).

“Obviamente, pelo cenário [pandemia], é um momento difícil de celebração, principalmente em nosso país. Mas é um evento importante, então esperamos trazer um pouco de inspiração a quem nos acompanhará à distância. Com relação a resultados, estamos confiantes de que o Brasil terá um excelente resultado. Os atletas e treinadores têm trabalhado duro, cada um em suas limitações, até em função da pandemia. Temos respeitado fortemente isso. Pode ser uma Paralimpíada de surpresas. Assim como outros países não sabem como trabalhamos nos últimos dois anos, também não sabemos deles, só quando chegarmos lá. Muitas surpresas e muitos nomes novos podem aparecer”, projetou Freire.

(Agência Brasil)

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