Professora discute sobre política com alunos e é afastada até que acabe o inquérito

O episódio ocorreu na Escola Técnica nº 2 de Ciudad Evita, em La Matanza, durante uma aula com alunos do quarto ano. A professora de história fez uma forte crítica ao macrismo e foi filmada. A área de educação abriu uma investigação

Professora discute sobre política com alunos e é afastada até que acabe o inquérito
(Crédito: Canva Fotos)

Uma aula de ensino médio e uma série de vídeos que se tornaram virais terminaram com uma professora temporariamente afastada do seu cargo na província de Buenos Aires, Argentina, após discutir sobre política com alunos. O episódio ocorreu na Escola Técnica nº 2 “María Eva Duarte”, em Ciudad Evita, no distrito de La Matanza.

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A professora Laura Radetich, mestre em história, ministrava a sua aula habitual para os alunos do quarto ano da instituição. A sua forma enérgica de discursar foi registrada por um dos alunos, que gravou com o seu celular as expressões da professora.

Ali é possível perceber um forte intercâmbio entre a professora e um de seus alunos, na qual a docente faz críticas afiadas ao governo de Mauricio Macri. “Você acha que por ter olhinhos azuis ele não vai roubar? Ele roubou de você!”, indicou com gritos a professora.

Um dos seus alunos, que não aparece em cena, teve a intenção de enfrentar os argumentos da professora e apontou para as responsabilidades de “27 anos de peronismo” na província de Buenos Aires. A professora, porém, redobrou a aposta. “Você sabe onde está agora? Você sabe quem fez este lugar? Quantas barragens foram construídas durante o governo Macri? Macri pegou a grana toda, você não entendeu?”, retruca a professora.

Os vídeos foram publicados nas redes sociais e não demoraram a multiplicar a sua circulação. Numerosos comentários no Twitter afirmavam que se tratava de uma clara “doutrinação” e questionaram a posição assumida pela professora de discutir sobre política com os alunos.

A reação no governo da província de Buenos Aires

Diante dessa situação, Perfil contatou a secretaria de educação da província de Buenos Aires, de onde confirmaram que o ocorrido deu origem a uma investigação. “A Administração distrital de La Matanza já está intervindo para realizar uma investigação, na qual serão tomadas declarações e serão determinadas as ações correspondentes para coletar informações sobre o ocorrido”, disseram a este meio.

“Durante esse procedimento, a professora não vai continuar dando aulas. Em situações com estas características, é conveniente proceder a uma investigação por alegada falta de conduta, aplicando o artigo 139º do Estatuto do Professor, para reunir as provas pertinentes e, se for o caso, dispensar temporariamente a docente das suas funções. Se o fato for corroborado, segue com um pré-inquérito e, se for o caso, com um inquérito”, indica a resposta do governo de Axel Kicillof.

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“Cabe esclarecer que a Direção-Geral de Cultura e Educação, através das suas orientações pedagógicas e da sua política de formação permanente de professores, trabalha para que o ensino e a aprendizagem se realizem sempre num quadro de diálogo e de construção coletiva do conhecimento a partir da liberdade de expressão, a pluralidade e o respeito pela diversidade sem respaldar de forma alguma este tipo de prática ”, expressou-se finalmente a pasta provincial dirigida por Agustina Vila.

LC / FL

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

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*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.

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