
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu substituir a ministra da Saúde, Nísia Trindade, por Alexandre Padilha. Segundo a ex-ministra, a mudança ocorre porque o governo deseja um novo “perfil” para a pasta nesta segunda fase da gestão.
O anúncio foi feito por Nísia nesta quarta-feira (26), um dia após reunião com Lula no Palácio do Planalto. Durante a conversa, o presidente informou sua decisão e justificou a troca. “A conversa com o presidente teve o tom de ele me comunicar sua avaliação desse segundo momento do governo e que ele achava importante uma mudança de perfil à frente do Ministério da Saúde”, declarou a jornalistas.
Por que Nísia deixou o Ministério da Saúde?
Segundo Nísia, Lula avaliou que o momento exige maior peso técnico-político na condução da pasta. A ex-ministra afirmou que mudanças ministeriais fazem parte da dinâmica de qualquer governo e que sua saída não reflete uma avaliação negativa de sua gestão. “O presidente entende que as dimensões técnico-políticas são importantes nesse momento, é a avaliação do presidente. O que eu disse para ele e repito aqui, é que ele é o técnico de um time. Faz parte da vivência de qualquer governo a substituição de ministro. Isso nada depõe em relação ao meu trabalho, sou muito consciente disso”, afirmou.
Na terça-feira (25), horas antes de ser comunicada da demissão, Nísia participou de um evento no Palácio do Planalto para anunciar um acordo de produção da primeira vacina nacional contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante ainda aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O evento foi interpretado como uma forma de garantir uma saída honrosa para a ministra, mas ela negou essa intenção. “O evento da manhã [de terça] não foi um evento de despedida. Já estava programado porque é o resultado de um edital muito importante do governo federal e do Ministério da Saúde para a inovação no país”, afirmou.
Desde o início do governo Lula, Nísia enfrentava pressões para adotar uma condução mais política no ministério e entregar resultados considerados prioritários pelo Palácio do Planalto. Ela foi a primeira mulher a comandar a pasta e, antes disso, presidiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde coordenou ações no combate à pandemia de Covid-19 e criou o “Observatório Covid-19” para monitorar os impactos da crise sanitária.
Com a chegada de Padilha ao comando do ministério, o governo passa a focar em dois desafios principais: conter o avanço dos casos de dengue no país, com a ampliação da vacinação contra a doença, e fortalecer o diálogo com o Congresso Nacional e gestores estaduais.
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