O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu posse a Macaé Evaristo como ministra dos Direitos Humanos nesta sexta-feira (27). A cerimônia ocorreu 18 dias depois da sua nomeação.
Macaé substituiu o jurista Silvio Almeida, que foi demitido após denúncias de assédio sexual se tornarem públicas. Ele nega as acusações.
Entre os nomes citados nas denúncias está a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que marcou presença na posse de Macaé, assim como a escritora Conceição Evaristo, prima da nova ministra.
Denúncias de assédio: um tema sensível
Macaé Evaristo ressaltou durante seu discurso de posse que as denúncias de assédio na pasta devem ser investigadas com rigor, garantindo o “amplo direito de defesa“. Ela também destacou a importância de respeitar a privacidade das denunciantes. Essa posição foi reforçada com mudanças na equipe do ministério logo nas suas primeiras semanas de atuação.
Como Macaé Evaristo enfrenta os desafios à frente dos direitos humanos?
Durante seu discurso, Macaé afirmou acreditar que a vocação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania é cuidar da diversidade do país. Ela enfatizou o impacto concreto dos direitos humanos na vida das pessoas comuns e compartilhou sua trajetória pessoal como mulher preta, professora e assistente social.
A ministra destacou que, na sociedade brasileira, muitos têm a concepção de que direitos humanos são para “defender bandido”. No entanto, ela defende que o ministério deve enfrentar a tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos para construir uma ação efetiva.
Ela também mencionou que existe uma “nova investida do capital” que aposta na segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão e o extermínio de milhões de pessoas, como ela própria. Esse ponto reforça a relevância de políticas públicas que promovam a equidade e a justiça social.
O papel da família e da educação
Outro ponto importante do discurso de Macaé foi a centralidade da família e da educação nas políticas públicas. Ela destacou a necessidade de garantir moradia e a presença das crianças na escola. Além disso, ressaltou a capacidade empreendedora das favelas e a importância de financiamentos públicos para pequenos negócios.
“Cuidar dessas mulheres, dessas famílias, é uma tarefa fundamental”, frisou a nova ministra, evidenciando seu compromisso com as questões sociais que mais afetam os grupos vulneráveis da população brasileira.
Trajetória e contribuições de Macaé Evaristo
Macaé Evaristo está licenciada do cargo de deputada estadual pelo PT em Minas Gerais, cargo para o qual foi eleita em 2022 com mais de 50 mil votos. Antes disso, ela já havia sido vereadora de Belo Horizonte e ocupou cargos relevantes no governo federal.
Durante o governo de Dilma Rousseff, Macaé foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC). Durante sua carreira, coordenou programas importantes, como a implantação de Escolas Indígenas, a Escola Integral em Minas Gerais e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior.