Investigações conduzidas pela Polícia Federal revelaram nesa terça-feira (19) o emprego de táticas militares em atividades clandestinas destinadas a práticas criminosas. O objetivo dessas operações era orquestrar ações ilegais, que incluíam a tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes em Brasília no final de 2022. As descobertas foram documentadas em relatórios que destacam o uso de estratégias típicas de forças especiais em um contexto civil.
A operação clandestina contra os “kids pretos” foi marcada pela aquisição e uso de celulares registrados sob nomes de terceiros, o que permitiu a comunicação secreta entre os envolvidos. Codinomes baseados em nomes de países, como Alemanha e Japão, substituíram os nomes reais dos militares, criando um sistema de comunicação quase impossível de rastrear. Esse uso de técnicas inovadoras revela a sofisticação dos planos e a facilidade de adaptação de habilidades militares para fins ilícitos.
Quais métodos foram utilizados para evitar rastreamento?
Os envolvidos optaram por veículos alugados, minimizando a possibilidade de um rastro direto que pudesse ser seguido. Assim, foi reduzida a chance de reconhecimento através de matrículas ou locadoras, dificultando o trabalho de investigação. Em um incidente específico, os planos foram ajustados de forma dinâmica devido a um término prematuro de um julgamento no Supremo Tribunal Federal, demonstrando a fluidez e a adaptação estratégica dos participantes.
Codinomes e comunicações sigilosas
A estrutura de comando incluía ordens diretas por meio de mensagens criptografadas. Termos como “exfiltração”, que descreve a retirada discreta de pessoas de áreas de risco, foram usados. Em um momento crítico, discussões sobre a continuidade das operações levaram a ajustes rápidos nos planos, indicando uma execução militarizada do comando e controle da situação.
Ataque contra Moraes
De acordo com a PF, seis militares das Forças Especiais estiveram envolvido na tentativa de assassinato de Moraes em 15 de dezembro de 2022. Liderados pelo tenente-coronel Rafael Martins, estavam espalhados por pontos específicos em Brasília e usaram veículos alugados para evitar rastros.
Porém, um imprevisto gerou uma mudança de planos. O julgamento do STF do dia acabou mais cedo, e os militares trocaram mensagens disfarçadas sobre o assunto. Áustria escreveu: “Tô perto da posição, vai cancelar o jogo?”. Em resposta, outro envolvido mandou: ““Abortar… Áustria… Vai para local de desembarque… Estamos aqui ainda. Gana… prossegue para resgate com Japão”.
O militar que estava próximo à casa de Moraes se afastou a pé. A PF detectou a presença dos suspeitos em locais próximos ao STF e à residência de Moraes em outras instâncias, contribuindo para a hipótese de que estavam monitorando o ministro para realizar uma eventual execução.
O papel das ações psicológicas e propagandas
Além das ações táticas, atuou-se em uma frente de guerra psicológica. Notícias falsas e dúvidas sobre sistemas eleitorais foram disseminadas com o intuito de desestabilizar o ambiente político. Essa estratégia se alinha às “ações psicológicas” comuns em operações militares, mas aqui adaptadas para criar um clima propício a um golpe político.
Na sessão do @cnj_oficial desta quinta-feira (19/11/2024), o presidente do Conselho e do @supremotribunalfederal, ministro @LRobertoBarroso, falou sobre a tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito no Brasil, planejada após as últimas… pic.twitter.com/qdt1J35ALB
— STF (@STF_oficial) November 19, 2024
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