O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma cirurgia de emergência para a drenagem de um hematoma nesta madrugada de terça-feira (10).
O que é um hematoma cerebral?
Um hematoma cerebral resulta de uma hemorragia interna ou externa ao crânio. O sangramento pode ocorrer entre a dura mater — a camada mais externa das meninges — e o crânio, gerando um hematoma epidural.
Pode também surgir sob a dura máter, como no caso de um hematoma subdural. Outros tipos incluem o sangramento abaixo da membrana aracnoide (subaracnoide) e dentro das estruturas cerebrais (intraparenquimal).
O boletim de Lula não indica qual o tipo de hemorragia ele teve, mas é possível, como no caso dele, que o sangramento seja percebido um longo tempo depois da queda.
“Esse tipo de hematoma, que é decorrente de um trauma, pode acontecer algum tempo depois da queda. Pode acontecer um sangramento venosos e, com isso, o paciente demora para ter manifestações”, explica Gisele Sampaio, neurologista e professora da Unifesp.
Os sintomas iniciais de um hematoma cerebral podem surgir tardiamente, especialmente em casos de sangramento venoso lento. Dores de cabeça, tontura e confusão mental estão entre os sinais mais comuns.
Como funciona a craniotomia?
Quando um hematoma culmina em pressão significativa sobre o cérebro, a craniotomia pode se tornar necessária. Este é um procedimento cirúrgico que envolve a abertura do crânio para remoção do hematoma. Partes do osso craniano são temporariamente removidas para permitir que cirurgiões acessem e drenem o sangue acumulado.
“É um procedimento delicado em que se retira o pedaço do osso do crânio para realizar a drenagem. Depois da retirada, são introduzidos materiais cirúrgicos que, lentamente, drenam esse hematoma. É um procedimento bem delicado”, explicou a neurologista Gisele.
Quando realizada por equipes especializadas, ela pode garantir a plena recuperação do paciente, dependendo da extensão do dano e da resposta individual à cirurgia.
Qual é diferença entre AVC e hematoma cerebral?
Embora o acidente vascular cerebral (AVC) e o hematoma cerebral envolvam hemorragias, eles representam condições diferentes. O AVC é classificado em dois tipos principais: hemorrágico e isquêmico. No AVC hemorrágico, um vaso sanguíneo no cérebro rompe-se, resultando em sangramento. No isquêmico, o fluxo sanguíneo é obstruído, privando células cerebrais de oxigênio.
Por outro lado, um hematoma cerebral é pelo acúmulo localizado de sangue devido a um trauma. Ambos exigem atenção médica emergencial, mas a origem e algumas abordagens de tratamento podem variar significativamente.
Às vezes, o AVC hemorrágico pode se assemelhar a um hematoma, especialmente em casos de ruptura traumática após uma queda.
Quais são os passos para a recuperação?
A recuperação após a drenagem de um hematoma cerebral depende de vários fatores, como o volume do sangramento e se houve deslocamento ou danos permanentes ao tecido cerebral. A maioria dos pacientes pode esperar uma recuperação satisfatória, desde que haja monitoramento contínuo e cuidados adequados no pós-operatório.
“O presidente evoluiu bem. Chegou da cirurgia praticamente acordado e foi extubado. Encontra-se agora estável, conversando normalmente, se alimentado e deverá ficar em observação nos próximos dias”, diz Roberto Kalil, da equipe médica do presidente Lula, que passou por uma… pic.twitter.com/p6c9lGG7oi
— GloboNews (@GloboNews) December 10, 2024
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