
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado deve ocorrer em 2025. O objetivo é evitar que o processo interfira no cenário eleitoral. A informação foi dada por magistrados ouvidos pelo blog da Andréia Sadi.
Nesta terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas, apontando o ex-presidente como figura central na suposta conspiração. Segundo a acusação, ele editou a versão final de um decreto golpista, pressionou militares a aderirem ao plano e estava ciente de uma trama para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Se a denúncia for aceita, Bolsonaro se tornará réu e enfrentará um processo criminal no STF. A PGR acusa o ex-presidente de liderar uma organização criminosa armada e de tentar abolir, de forma violenta, o Estado Democrático de Direito. Entre os crimes apontados estão tentativa de golpe de Estado, dano ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado.
Qual será a possível estratégia de Bolsonaro?
Conforme o blog da Andréia Sadi, aliados políticos avaliam que Bolsonaro deve usar o processo como ferramenta de mobilização, mantendo o discurso de que será candidato em 2026, mesmo estando inelegível. Nos bastidores, a defesa do ex-presidente foca na tentativa de anular a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, peça-chave na acusação.
O advogado Paulo Bueno, que representa Bolsonaro no inquérito, sustenta que, mesmo que o golpe tivesse sido bem-sucedido, o ex-presidente não teria sido beneficiado. Essa tese deve ser usada para reforçar a narrativa de perseguição política.
Caso a denúncia seja aceita, o julgamento ficará a cargo da 1ª Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Flávio Dino e Cristiano Zanin, que preside o colegiado até setembro, quando Dino assumirá o posto.
Anistia aos condenados do 8 de janeiro perde força
Enquanto Bolsonaro se defende, aliados tentam articular no Congresso um projeto de anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A estratégia é vista como um caminho para fortalecer o discurso político do ex-presidente e reverter sua inelegibilidade.
Porém, ministros do STF avaliam que o avanço da investigação enfraquece as chances de aprovação da medida. A PGR sustenta que as mais de 270 páginas da denúncia demonstram um planejamento detalhado do golpe, o que dificulta qualquer flexibilização da pena aos envolvidos.
A defesa de Bolsonaro divulgou nota manifestando “indignação e estarrecimento” com a denúncia e reiterando que o ex-presidente jamais compactuou com qualquer ação para romper a ordem democrática.
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