No último mês ocorreram diversos relatos de atrasos da segunda dose da vacina contra o covid-19 em alguns estados. Em São Paulo, a produção da CoronaVac estava paralisada desde o dia 14 de maio, e só foi retomada na quinta-feira passada (27) após o recebimento de 3 mil litros de insumos, que chegaram na capital na noite da última terça-feira (25). Com essa quantidade de insumo farmacêutico ativo (IFA) será possível fabricar 5 milhões de doses da vacina.
Insumos que chegaram da China para a produção de mais 5 milhões de doses da Vacina do Butantan já estão em São Paulo. Doses de esperança para o povo brasileiro. Viva a Vacina do Butantan, a vacina do Brasil! ???????????? pic.twitter.com/3rJsFYauXz
— João Doria (@jdoriajr) May 25, 2021
O Instituto Butantan recomenda que a segunda dose da CoronaVac deve ser aplicada em um período entre 14 e 28 dias após a primeira. Já quem recebeu a dose da vacina AstraZeneca/Oxford (produzida no Brasil pela Fiocruz) pode esperar um pouco mais: o período recomendado é três meses.
Em ambos os casos, qualquer atraso é preocupante. “Os estudos, os níveis de eficácia, tudo é feito com base na aplicação das duas doses das vacinas”, explicou a doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak, para o portal UOL.
“Uma aplicação só, portanto, deixa aquela pessoa vulnerável, ela não está protegida de forma adequada e pode adoecer”, alerta.
A situação é preocupante porque a pessoa tem mais chances de ficar doente enquanto aguarda a aplicação. Mas, mesmo atrasada, a segunda aplicação deve ser feita assim que possível.
“O indivíduo não vai perder a imunidade constituída após a primeira dose”, afirmou Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para o UOL. “A segunda dose é um reforço, uma forma de estimular o corpo a produzir um número ainda maior de anticorpos.”
O calendário de vacinação deve ser seguido de acordo com o imunizante utilizado. Ou seja, quem tomou a CoronaVac deve aguardar a segunda dose do imunizante estar disponível e não tentar receber a vacina da AstraZeneca/Oxford, por exemplo.
“Esse uso cruzado não foi testado e não deve ser feito, pois é considerado um erro de aplicação”, explica a especialista.