A medicina chinesa tem uma visão única sobre a ligação entre o riso e o bem-estar geral. Segundo essa tradição milenar, as emoções estão diretamente vinculadas ao funcionamento dos órgãos do corpo humano, influenciando nossa saúde de maneira significativa. A Dra. Márcia Yamamura, chefe do grupo de acupuntura do ambulatório da UNIFESP, explica ao g1 como essa interconexão funciona na prática.
De acordo com a Dra. Yamamura, temos cinco sistemas de órgãos principais: o rim, o fígado, o coração, o pâncreas e o pulmão, cada um associado a emoções específicas. Por exemplo, o rim está relacionado ao medo, enquanto o coração é conectado à ansiedade e à alegria excessiva. Isso significa que o coração tem um papel fundamental no processo do riso.
Para a medicina chinesa, o coração é o “abrigo” da mente. Quando alguém está feliz ou encontra algo engraçado, essa emoção positiva é processada pelo coração. A Dra. Yamamura destaca: “Sim, porque, para a medicina chinesa, o coração abriga a mente. Quando a tua mente está feliz ou quando você vê algo engraçado ou que te toca, isso gera uma boa emoção, fazendo você rir ou sorrir.”
O riso para curar angústias
O psicanalista Daniel Kupermann, professor da Universidade de São Paulo, sublinha ao g1 o poder do riso mesmo em momentos de maior adversidade. Segundo ele, o riso e o humor têm a capacidade de resgatar a alegria e a vitalidade do indivíduo, ainda que temporariamente. Kupermann observa que, para Freud, o humor é uma virtude fundamental na transformação da desgraça em alegria.
Um exemplo prático disso é visto na história de Ivete Oliveira, uma vítima de violência sexual que encontrou força para continuar através do riso. Após enfrentar um profundo dilema, Ivete escolheu aprofundar-se no autoconhecimento, mantendo seu espírito alegre. Hoje, ela ajuda outras mulheres a enfrentarem suas dores através de uma terapia bem-humorada em São Paulo, onde rir se torna uma ferramenta de cura.
A professora Luziene Sobreira, de uma escola em Bangu, zona oeste do Rio, encontrou no riso uma maneira eficaz de alfabetizar seus alunos do segundo ano. Suas aulas diferenciam-se por uma abordagem divertida, que acabou até viralizando na internet. “Aprender não tem que ser chato”, diz Luziene ao g1.
Ao notar que métodos tradicionais não estavam funcionando, Luziene recorreu a fantasias de personagens para ensinar o alfabeto. A resposta das crianças foi imediata e positiva, mostrando que um ambiente de aprendizado alegre facilita a absorção do conteúdo de forma mais eficaz.
Luziene se disfarçou de Batman para atrair a atenção dos alunos e, ao fazer isso, conseguiu um engajamento nunca antes visto. As crianças se envolveram mais nas aulas, e o resultado foi notório em seu desempenho escolar.