
Um surto de uma doença ainda não identificada está alarmando a população do Noroeste da República Democrática do Congo (RDC). Até o momento, foram registrados 1.096 casos e 60 mortes, segundo informações do escritório regional para a África da Organização Mundial da Saúde (OMS). A situação é preocupante, pois metade das mortes ocorreram em até 48 horas após o início dos sintomas.
A OMS destacou que a vigilância intensificada revelou uma ampla gama de sintomas entre os afetados, incluindo febre, dor de cabeça, calafrios, sudorese, rigidez na nuca, dores musculares e nas articulações, coriza, tosse, vômito e diarreia. A organização está investigando a origem do surto e testando amostras para identificar a doença.
Quais são os desafios na identificação da doença?
Até agora, os testes descartaram os vírus Ebola e Marburg, conhecidos por sua alta letalidade e por causarem surtos esporádicos na África. Das 571 amostras analisadas, 54,1% testaram positivo para malária, uma doença comum na região. No entanto, a OMS afirma que a malária pode estar ocorrendo em coinfecção, exigindo uma investigação mais aprofundada.
Além disso, a organização está realizando testes para meningite e analisando amostras de alimentos, água e meio ambiente para verificar a possibilidade de contaminação. O material foi enviado ao Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica (INRB) em Kinshasa para análises detalhadas.
Como o surto está se desenvolvendo nas comunidades locais?
Os casos foram inicialmente detectados em duas vilas, Boloko e Bomate, separadas por cerca de 100 km. Em Boloko, três crianças morreram após consumirem um morcego morto, o que levantou suspeitas sobre a origem do surto. Até o final de janeiro, a zona de saúde de Bolomba registrou 12 casos e 8 mortes.
Na vila de Bomate, os casos começaram a surgir no final de janeiro, com 419 casos e 45 mortes até 15 de fevereiro. A alta taxa de mortalidade e a rápida progressão dos sintomas são preocupantes, especialmente em crianças menores de cinco anos.

Qual é a resposta internacional ao surto?
Especialistas em saúde global, como Michael Head da Universidade de Southampton, destacam a incerteza em torno do surto, mas reforçam que eventos semelhantes são comuns e geralmente controlados rapidamente. No entanto, a quantidade de casos e mortes é alarmante, e a busca por um patógeno causador continua.
Paul Hunter, da Universidade de East Anglia, relembra um surto semelhante ocorrido no ano anterior na RDC, que foi posteriormente identificado como casos de malária agravados por desnutrição. A atual situação exige paciência enquanto os resultados das investigações estão em andamento.
Quais são os próximos passos na investigação?
A OMS e outras organizações de saúde estão comprometidas em determinar a causa do surto. A investigação clínica, epidemiológica e laboratorial está em curso para identificar o patógeno responsável. A cooperação internacional e a troca de informações são cruciais para enfrentar essa ameaça à saúde pública.
Enquanto isso, as comunidades locais são aconselhadas a seguir medidas de prevenção e a buscar atendimento médico ao surgirem sintomas suspeitos. A situação continua a ser monitorada de perto, e atualizações serão fornecidas à medida que novas informações se tornem disponíveis.
Siga a gente no Google Notícias