
Um homem de Massachusetts passou por um transplante de laringe, conduzido por um time de médicos especializados da Mayo Clinic, no Arizona, nos Estados Unidos. O tratamento foi feito como uma alternativa para cuidar de um câncer na região.
Marty Kedian é um dos poucos que experimentou essa nova possibilidade médica, que o permitiu recuperar a fala em apenas algumas semanas após a cirurgia. Diagnosticado com um raro câncer no cartilão da laringe há cerca de dez anos, Kedian resistiu à remoção total da laringe, a várias tentativas cirúrgicas e o uso de um tubo de traqueostomia para respirar e engolir.
A laringe, também conhecida como caixa vocal, desempenha papel crucial não apenas na nossa respiração e deglutição, mas também na fala. Neste órgão são encontradas as cordas vocais, que são essenciais para nossa capacidade de falar. Em condições onde há dano severo ou doenças, como câncer, surgem intervenções como o transplante de laringe.
O procedimento é raro, e Kedian é apenas a terceira pessoa em todo os Estados Unidos a passar por ele, sendo o único com um câncer ativo. A cirurgia durou aproximadamente 21 horas, e incluiu o transplante não só da laringe, mas também da traqueia, de algumas glândulas e pequenos vasos sanguíneos, utilizando técnicas microcirúrgicas para reconectar nervos essenciais—uma inovação médica e técnica.
O transplante foi oferecido ao homem como parte de um ensaio clínico da Mayo Clinic, que visa torná-lo uma alternativa de tratamento para pacientes com doenças similares nesta região.
Benefícios e riscos do transplante de laringe
Apesar do potencial transformador do transplante, a adoção da cirurgia é hesitante. Muitos dos riscos envolvem a necessidade de medicação imunossupressora pós-operação, o que pode aumentar o risco de cânceres recorrentes.
Entretanto, a esperança permanece de que este tipo de procedimento possa um dia oferecer a muitos uma melhor qualidade de vida, como é testemunhado pela recuperação e a restituição da voz de Kedian, que recuperou a capacidade de dizer “olá” poucas semanas após a cirurgia.
Ele, que recuperou a capacidade de fala tão rapidamente, ainda precisará continuar sob supervisão médica e ajustar seus cuidados, com a possibilidade de retirar o tubo de traqueostomia em poucos meses. Realizar essas operações com segurança e ética continua sendo uma prioridade, como aponta Dr. David Lott, da Mayo Clinic.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini