
Fumar cigarros pode parecer uma ação trivial para muitos, mas poucos conhecem a verdadeira complexidade dos ingredientes que os compõem, especialmente quando falamos de substâncias ilícitas como as drogas K. Estas, que incluem canabinoides sintéticos, vêm gerando grande preocupação devido ao seu rápido poder de expansão e complicadas consequências.
Em um cenário urbano e movimentado como o terminal de ônibus da zona leste de São Paulo, observamos de perto a decadência humana provocada pela droga K, também conhecida como spice. Usuários lado a lado experimentam um nefasto desligamento do mundo por horas, após a inalação dessa substância.
A droga, referida na rua em códigos como K9, exerce um forte efeito sedativo nos usuários, deixando-os “apagados” por longos períodos. Um jovem de 23 anos, visivelmente afetado, relatou perder emprego e contatos familiares após o início do uso. A droga diminui significativamente a capacidade cognitiva, tornando os dependentes mais lentos e desorientados.
A situação das drogas K e a descoberta de Nitazeno
Recentemente, pesquisas realizadas por especialistas da USP e da Unicamp, em colaboração com a Polícia Técnico-Científica de São Paulo, identificaram a presença de Nitazeno em amostras de drogas apreendidas. Tal descoberta alarmou ainda mais as autoridades, devido à alta potência do opioide, cuja força pode ser dezenas de vezes maior que outros opiáceos conhecidos.
A quantidade de drogas K apreendidas tem crescido vertiginosamente. De meros gramas em 2020, saltou para 5 quilos em 2021 e impressionantes 157 quilos em 2023. Este aumento exponencial reflete não apenas a popularidade da droga, mas também a gravidade do problema de saúde pública associado.
Na unidade mantida pelo governo paulista para tratar dependentes químicos, 36% dos pacientes recentemente admitidos reportaram usado drogas K. Os impactos vão além da saúde individual, afetando o bem-estar coletivo e sobrecarregando o sistema de saúde.
O uso contínuo dessas substâncias pode desencadear transtornos mentais severos, com especialistas indicando que podem atuar como gatilhos para o desenvolvimento de esquizofrenia e bipolaridade, complicando ainda mais o quadro clínico dos usuários.