A alopecia androgênica, mais conhecida como calvície, é uma característica genética que preocupa uma significativa parcela da população. Enquanto muitos consideram apenas uma questão estética, a verdade é que essa condição atinge cerca de metade dos homens ao redor do mundo aos 50 anos, além de cerca de 10% das mulheres. Embora não seja considerada uma doença, a calvície pode afetar profundamente a autoestima e o bem-estar dos indivíduos que dela sofrem.
Os tratamentos disponíveis, como loções contendo minoxidil, aparecem frequentemente nas prateleiras das farmácias. Essas soluções prometem combater a queda de cabelo, mas nem sempre conseguem impedir a progressão do quadro. Apesar disso, são vistos como opções seguras, já que os efeitos colaterais significativos são raramente relatados. No entanto, novas descobertas sugerem que o uso do minoxidil pode ter consequências inesperadas no ambiente familiar.
Como o minoxidil pode afetar os bebês e causar essa síndrome?
O Centro de Farmacovigilância de Navarra, localizado na Espanha, identificou um fenômeno inusitado e potencialmente perigoso relacionado ao uso do minoxidil por pais de bebês. Bebês expostos ao medicamento podem desenvolver hipertricose, também conhecida como a “síndrome do lobisomem“, caracterizada por um crescimento excessivo de pelos. Em casos mais graves, a condição pode afetar o coração e os rins dos lactentes, gerando preocupações adicionais sobre sua saúde.
O primeiro indício deste problema foi observado em um bebê que começou a apresentar crescimento anormal de pelos após o contato frequente com o pai, usuário de uma loção de minoxidil a 5%. Assim que o pai interrompeu o uso do medicamento, os sintomas no bebê desapareceram.
Quais as formas de prevenir a síndrome?
As entidades de saúde estão agindo rapidamente para mitigar esse risco. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) já determinou que as informações nas bulas do minoxidil devem ser atualizadas para alertar sobre o risco potencial de hipertricose em bebês. O uso adequado das loções, incluindo lavar bem as mãos após a aplicação, é altamente recomendado para evitar a exposição inadvertida das crianças.
Por que os homens são mais afetados comparado às mulheres?
É observado que os casos relatados de hipertricose em bebês geralmente envolvem pais do sexo masculino. Isso ocorre porque a alopecia androgênica é mais comum em homens mais jovens, frequentemente coincidindo com a fase da vida em que se tornam pais. Nas mulheres, essa condição tende a aparecer mais tarde, geralmente durante ou após a menopausa, o que explica a menor incidência nessas situações.
A distinção entre as formulações usadas por homens e mulheres também contribui para essa diferença. Para os homens, a solução de minoxidil a 5% é mais comum, enquanto as mulheres tendem a usar concentrações de 2%.
Conclusões extraídas de casos anteriores de hipertricose
Embora preocupante, esse quadro não é totalmente novo na Espanha. Em 2019, um erro de rotulagem causou um surto da síndrome em bebês devido à ingestão acidental de xaropes formulados com minoxidil, embalados indevidamente como omeprazol. Apesar do susto inicial, os bebês afetados se recuperaram, mas a situação evidenciou a necessidade de vigilância contínua e cautela no uso de medicamentos potencialmente perigosos.
Os recentes achados sublinham a importância da farmacovigilância como ferramenta crucial na prevenção de riscos associados à exposição a medicamentos. Os centros, como o de Navarra, desempenham um papel vital na análise e notificação de eventos adversos, assegurando que medidas corretivas sejam implementadas para proteger os mais vulneráveis.
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