Autenticação Biométrica

Escanear a íris por dinheiro: entenda os riscos por trás da ‘novidade’

Na movimentada região da Avenida Paulista, uma pequena porta leva a uma tendência crescente: a autenticação biométrica através da íris
Na movimentada região da Avenida Paulista, uma pequena porta leva a uma tendência crescente: a autenticação biométrica através da íris – Crédito: Canva Fotos

Na movimentada região da Avenida Paulista, em São Paulo, uma pequena porta leva a uma tendência crescente: a autenticação biométrica através do escaneamento da íris. Este fenômeno tem atraído uma multidão de pessoas, todas atrás da promessa de obtenção de criptomoedas. Muitos têm apenas um conceito básico do processo envolvido e a motivação principal parece ser a remuneração financeira.

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Com apoio de aplicativos específicos, o agendamento para o procedimento é simples. Os usuários inserem suas informações pessoais e aguardam pelo escaneamento. Durante a espera, surgem dúvidas e desconfiança sobre os reais objetivos e a segurança desse método de coleta de dados biométricos. O veículo motriz para a participação, entretanto, tem sido principalmente a compensação oferecida.

Por que coletar dados biométricos através da íris?

Muitas pessoas se perguntam por que a íris está sendo o foco para a coleta de dados biométricos. Segundo especialistas, a íris é um marcador biométrico único que, como as impressões digitais, é individual e permanece estável ao longo da vida, salvo acidentes. Esses atributos tornam a íris uma ferramenta precisa para autenticação, crucial na era digital onde distinguir humanos de inteligências artificiais é um desafio crescente.

A empresa Tools for Humanity, que está por trás dessa iniciativa, busca desenvolver o sistema World ID. Este sistema utiliza padrões da íris para criar códigos de validação, supostamente impossíveis de serem imitados por tecnologia de inteligência artificial. A promessa é de uma identificação segura e que preserva a singularidade humana.

Qual é o papel da Worldcoin nesse processo?

A recompensa por participar desse programa de escaneamento de íris vem na forma de worldcoins, uma forma de criptomoeda gerada pela própria empresa. Embora à primeira vista o processo pareça direto, especialistas alertam para os riscos associados a essa prática, principalmente no que diz respeito à privacidade e segurança dos dados.

O consentimento qualificado, conforme estipulado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é essencial, uma vez que dados biométricos são classificados como dados pessoais sensíveis. O consentimento precisa ser livre, inequívoco e informado, o que se torna complexo em situações onde há recompensa financeira envolvida.

Explorações éticas e riscos de privacidade

As preocupações com a privacidade surgem naturalmente sempre que dados biométricos são em jogo. À CNN, Karen Borges, especialista em regulação de dados, destaca que o tratamento indiscriminado desses dados pode abrir caminho para abusos e violações de privacidade. Ela se pergunta sobre a segurança do armazenamento dessas informações e os riscos de vazamento que poderiam seguir.

A prática de oferecer remuneração por dados biométricos levanta questões éticas, como a possível exploração de populações vulneráveis. O incentivo financeiro pode fazer com que pessoas desconsiderem os riscos potenciais envolvidos, o que necessita de regulamentação e fiscalização rigorosa para garantir a proteção adequada dos direitos dos indivíduos.

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O futuro da autenticação biométrica em um mundo digital

A autenticidade humana está se tornando uma preocupação crítica em um mundo onde as capacidades da inteligência artificial continuam a expandir. Os desafios de identificar interações humanas genuínas versus as criadas por IA tornaram-se evidentes. A autenticação biométrica, juntamente com tecnologias de ponta, parece ser um caminho promissor para enfrentar tais desafios.

Embora o uso de íris para autenticação seja uma inovadora abordagem para a era digital, ela carrega o imperativo de garantir proteção robusta de privacidade e segurança dos dados. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados já começou a investigar a adequação dessas práticas dentro do marco legal brasileiro para assegurar que direitos individuais sejam devidamente resguardados.

Leia também: Brasil entra na lista dos países que mais utilizam a inteligência artificial

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