Fernanda Montenegro, uma das mais respeitadas figuras das artes cênicas brasileiras, comemora oito décadas de uma carreira marcada por talento, dedicação e contribuições inestimáveis para a cultura do país. Nascida Arlette Pinheiro Monteiro Torres, em outubro de 1929, no Rio de Janeiro, Fernanda teve seu primeiro contato com o mundo do teatro aos 8 anos de idade, ao participar de uma peça da igreja. Esse foi apenas o início de uma jornada que a levaria aos mais altos patamares da interpretação.
Em 1950, ao lado de seu marido, Fernando Torres, fez sua estreia profissional nos palcos com a peça “3.200 Metros de Altitude”, de Julian Luchaire. Logo depois, em 1951, Fernanda se tornou a primeira atriz contratada pela TV Tupi, abrindo caminho para uma carreira impecável na televisão brasileira.
Seu talento excepcional logo a levou à Rede Globo, onde se tornou uma presença ilustre em produções dramatúrgicas. Desde sua estreia na emissora, em 1965, com a novela “Sangue e Areia”, Fernanda cativou o público com sua versatilidade e profundidade emocional, marcando presença em inúmeras produções. Seus papéis mais memoráveis incluem Chica Newman em “Brilhante”, Charlô em “Guerra dos Sexos”, Naná em “Cambalacho”, Vó Manuela em “Riacho Doce”, e tantos outros que demonstram sobretudo sua habilidade de se reinventar a cada personagem.
Fernanda além das telas
Para mais de sua notável carreira na TV, Fernanda Montenegro também deixou sua marca indelével no teatro brasileiro. Fundadora do Teatro dos Sete ao lado de importantes nomes da cena teatral. A artista participou de dezenas de peças, sobretudo sua atuação em “O Auto da Compadecida” (1999), que é lembrada como uma das mais brilhantes de sua carreira.
Ao longo de sua trajetória, Fernanda foi agraciada com inúmeros prêmios e honrarias, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Recebeu o reconhecimento da Academia Brasileira de Letras em 2022, tornando-se a primeira mulher a ocupar a cadeira 17. Também e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação magistral em “Central do Brasil” (1999).
Aos 94 anos, Montenegro não pensa em parar. A partir desta quinta-feira (20), ela celebra seus 80 anos de carreira com a leitura dramatizada de “A Cerimônia do Adeus”, da pensadora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), no Teatro Raul Cortez, no Sesc 14 Bis. A temporada terá cerca de um mês.
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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini