O Brasil ficará sem dados sobre o desmatamento no Cerrado. Devido a falta de verba, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desmontou a equipe de pesquisadores focados no monitoramento do bioma, e as informações e pesquisas devem ser mantidas até abril.
Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento dos biomas brasileiros, afirma que a pesquisa no Cerrado “é um projeto importante para acompanhar a questão hídrica, a agricultura. É um projeto de baixo custo se comparado ao valor que esses dados têm para o mercado, mas não temos investimento”.
Segundo o Inpe, a verba que dava continuidade ao projeto acabou em 31 de dezembro. Para manter a equipe de pesquisa seriam necessários R$ 2,5 milhões por ano.
De acordo com o balanço mais recente divulgado pelo Inpe, o desmatamento no Cerrado aumentou 8% entre agosto de 2020 e julho do ano passado. Já foram desmatados 8.531 km² do bioma, equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo.
Desde 2016, as pesquisas eram financiadas pelo Forest Investment Program (FIP). A verba de US$ 9 milhões era dividida entre o Inpe e outras duas universidades.
“Nós conseguimos organizar um excedente de orçamento para manter o monitoramento até abril, mas já não temos mais recursos. Manteremos até abril com muito menos que o necessário”, afirma Cláudio Almeida.
Desde 2017, a equipe faz monitoramentos diário e balanços anuais sobre o Cerrado com uso do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Até a publicação dessa reportagem, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Ministério do Meio Ambiente não se manifestaram sobre o caso.