Homem acusado de matar ex-namorada, Alessandra Vaz, e a amiga dela, Daniela Mousinho, em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão. Em seu julgamento, que teve duração de 12 horas no Fórum de Nova Friburgo, o júri desconsiderou feminicídio e a intenção de matar, o que gerou revolta para as famílias das vítimas. O crime ocorreu em outubro de 2019. Rodrigo Marotti foi condenado pelo crime de incêndio com resultado de mortes. As famílias disseram que vão recorrer.
“Nós estamos todos embasbacados com a decisão do júri de absolvê-lo do dolo do crime. Estamos embasbacados com a frieza como as pessoas podem tratar o feminicídio de duas mulheres. Frieza tal que desconsiderou o feminicídio da minha mãe e da Alessandra. É de um absurdo imenso que você olhe pra um crime desse, que você ouça os advogados falarem o dia inteiro, que você ouça diversas testemunhas falarem que um homem pegou um colchão, ateou fogo e colocou na porta do banheiro que era a única das duas mulheres e que no final ele não teve intenção de matá-las. Isso é um absurdo. Então nós estamos muito revoltados com a decisão do júri”, disse Luiza Mousinho, filha de Daniela.
De acordo com o G1, na própria sessão do julgamento, o Ministério Público do Estado do Rio de janeiro recorreu por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos. Este recurso terá por objetivo a anulação do júri para submeter o acusado a novo julgamento perante o Tribunal do Júri, para que ele seja condenado por duplo feminicídio em nova sessão plenária. Na internet, a família de Alessandra fez uma campanha pedindo pena máxima pelo crime.
“Ele só pegou 19 anos. A acusação vai recorrer. Tá todo mundo indignado com essa sentença”, disse uma amiga da irmã de Andressa Vaz, irmã de Alessandra, que acompanhou o julgamento.
A polícia disse que, quando crime aconteceu, o homem se desentendeu com a ex-namorada devido a gestão de um negócio que tinha juntos. Rodrigo teria trancado Alessandra e sua amiga Daniela em um banheiro e ateou fogo na casa. No dia seguinte do crime, ele foi preso. Ambas tiveram queimaduras graves, foram socorridas mas morreram dias depois devido aos ferimentos.
Por meio de uma nota, o MPJR, disse que depois do julgamento pelo Tribunal do Júri, os jurados entenderam que não houve intenção de matar na conduta do acusado, na qual desclassificou o crime e transferindo a competência para o julgamento para a juíza presidente, que condenou Rodrigo pelo incêndio qualificado com resultado de morte e furto praticado durante o repouso noturno, sendo assim, 19 anos e 4 meses em regime fechado.
Alessandra Vaz vivia apavorada e escondida, amedrontada pelas ameaças que Rodrigo fazia constantemente.
— TANTO (@tantotupiassu) February 9, 2022
Daniela e Alessandra, assassinadas aos 47 anos, tinham uma vida inteira pela frente e não tiveram.
Feminicídio transformado em mera consequência de um incêndio. pic.twitter.com/tGvAs78ez5