Pelo menos onze palestinos ficaram feridos ontem em um “dia de raiva” contra os colonos israelenses, convocado em diferentes locais da Cisjordânia pelo Hamas, grupo que domina o outro território palestino, a Faixa de Gaza, onde as tarefas de reconstrução após os bombardeios de Israel nas últimas semanas podem levar “décadas”, segundo a Cruz Vermelha.
De acordo com fontes palestinas, nas sete convocatórias lançadas pelo Hamas ontem, houve incidentes apenas no Monte Sabih, perto da cidade de Nablus, onde centenas de pessoas da cidade árabe vizinha de Beta marcharam em direção a um grande posto avançado israelense, Eviatar, erguido nas últimas semanas em terras reivindicadas por fazendeiros palestinos.
Os soldados intervieram para dispersar a multidão. Em Eviatar, segundo a rádio pública israelense, já vivem algumas dezenas de famílias judias, apesar de o local não ter recebido as autorizações necessárias do governo. Na semana passada, no Monte Sabih, um palestino foi morto pelo exército e dezenas de outros ficaram feridos. Hoje, segundo a agência Maan, soube-se de um ferimento grave e dez de menor gravidade.
Gaza e Egito
Enquanto isso, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou ontem que o trabalho de reconstrução na Faixa de Gaza pode levar “décadas”, após os últimos bombardeios realizados em maio pelo Exército israelense, após uma nova rodada de confrontos no enclave palestino.
“O nível de destruição que estamos observando, especialmente em Gaza, nos permite concluir que a reconstrução levará anos, senão décadas”, disse o vice-presidente da organização, Gilles Carbonnier, que participou do Fórum Econômico de São Petersburgo (SPIEF), destacou que o CICV e o Crescente Vermelho Palestino estão prestando atenção médica às vítimas e alertou sobre a necessidade de consertar os sistemas de abastecimento de água para evitar epidemias, bem como para garantir a geração de eletricidade.
Sobre as obras na Faixa, ontem chegou ao território palestino um comboio de máquinas de construção e equipes técnicas procedente do Egito para “preparar o terreno para a reconstrução” de Gaza.
“Seguindo as instruções do presidente Abdel Fattah al Sisi, máquinas de construção e equipes técnicas cruzaram o posto fronteiriço de Rafah em direção a Gaza”, afirmou um comunicado do governo egípcio.
Imagens divulgadas na sexta-feira pelas autoridades mostram dezenas de guindastes e caminhões com bandeira egípcia ao longo da fronteira. Este equipamento servirá para “remover os destroços” dos prédios destruídos e danificados e “preparar o terreno para a reconstrução”, acrescentou o comunicado.
Al Sisi, que desempenhou um papel central na negociação do cessar-fogo entre Israel e Hamas, prometeu em 20 de maio uma ajuda de US$ 500 milhões para a reconstrução de Gaza, onde dois milhões de palestinos vivem sob um bloqueio israelense que já dura 15 anos.
Al Sisi também ordenou o uso da passagem de Rafah, a única que Israel não controla, para enviar ajuda humanitária e permitir que os feridos de Gaza sejam tratados no Egito.
Agências
*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.