A União Europeia está em compasso de espera para saber quem assumirá não só o cargo de Primeiro Ministro na potência ibérica, como na presidência rotativa da U.E. (a Espanha assumiu neste mês).
Ver essa foto no Instagram
A esperada ascensão da extrema direita (Vox) flopou, mas a centro esquerda (PSOE) saiu derrotada nas urnas pela centro direita (PP). Mas a margem foi muito apertada, muito menor do que o esperado.
E o mais complicado: nenhuma frente logrou obter os 176 votos para poder assumir o cargo e governar. Sendo uma monarquia parlamentarista, a Espanha é um país onde o cargo de chefe de Estado compete ao Rei e o de chefe de governo ao primeiro ministro (também chamado de Presidente do Governo).
Quando um partido não obtém a maioria, precisa e compor. Poderia o PP se compor com o Vox? Apesar da ideia do cordão sanitário para isolar a extrema direita, é de se perguntar: se a esquerda tem recorrido às geringonças há anos, não poderia a direita fazer o mesmo? Na geringonça, partidos de centro esquerda têm se aliado a partidos mais à esquerda ou de centro e centro direita para poder governar, mas a extrema direita tem sido mantida isolada na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Isso está mudando: Itália, Suécia, Hungria e Polônia já são governadas por partidos ou coalizões de direita radical, e Alemanha e Portugal registram crescimento impressionante destes partidos.
Isso leva a ideia de que Geringonça (Governo Frankenstein) pode ganhar sua primeira versão de direita (Governo Francoenstein), ou seja, uma coalizão de herdeiros das práticas franquistas, o primeiro governo assim assumido desde 1975 em território espanhol.
Mas nada está garantido: o PSOE pode recorrer aos votos de SUMAR (frente de esquerda que une o PODEMOS e outras siglas da esquerda popular recente) e em manobra ousada buscar os votos de partidos das regiões autônomas, como os partidos da Catalunha. Se a jogada der certo, a frente liderada por Sanchez pode obter os 176 votos e bloquear a liderança em votos populares do PP, o que tem causado consternação em seus líderes.
Se o impasse persistir, novas eleições serão convocadas e neste pleito, o vencedor leva, mesmo que não obtenha a maioria.
A conferir.
* Alexandre Gosnn é escritor, pesquisador, investigador, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade de Coimbra, mestre em direito e advogado