O esporte brasileiro se uniu em luto compartilhado pela morte da ex-jogadora de vôlei Walewska Oliveira, na última quinta-feira (21). A atleta foi campeã olímpica com a seleção brasileira de vôlei em 2008 e estava aposentada desde o final da temporada 2021/2022.
Walewska morreu em São Paulo, após cair do 17º andar do prédio onde morava com o marido Ricardo Alexandre Mendes. A morte é considerada suspeita e está sendo investigada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo. Uma das hipóteses considera, porém, que ela teria tirado a própria vida.
Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Walewska nasceu em 1º de outubro de 1979 e começou cedo a carreira profissional no vôlei. Em 1995, já era titular como meio-de-rede no Minas, onde ficou até 1998.
Ela conquistou o ouro com o Brasil nos Jogos de Pequim, em 2008, e bronze nos Jogos de Sydney, em 2000. Também ajudou a Seleção a conquistar três títulos no Grand Prix (2004, 2006 e 2008), um na Copa dos Campeões (2013) e um nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 1999.
Relato dos pais
A mãe da atleta, Maria Aparecida Moreira, deu uma declaração ao portal Uol a respeito do último dia em que esteve com a filha, no sábado (16) anterior.
“Estávamos em São Paulo no aniversário do meu outro filho. Ela estava com o marido, Ricardo, estávamos todos juntos, em família. Minha filha estava alegre, serena, tranquila. Não entendo o que aconteceu. Vou sentir muita falta. Filha amada, muito querida. A gente vai ter que superar, vai ser muito difícil“, revelou.
Segundo Maria Aparecida, não foi possível notar nenhuma mudança de atitude de Walewska. Ela também não tinha conhecimento de possíveis dificuldades enfrentadas pela atleta na vida pessoal.
“O coração da gente fica despencando, um pai enterrando uma filha. Vai ser difícil esquecer. Fico olhando aqui as fotos e não consigo acreditar que isso aconteceu. Toda vez que olhar pra uma foto dela, tenho certeza que vou chorar“, disse o pai, Geraldo Vieira de Oliveira.
Ele relatou que também não percebeu uma mudança de comportamento da filha nos últimos dias. “A gente conhece os filhos no olhar, no sorriso, sabe quando está feliz e satisfeito. Ela estava ótima, sorrindo com o coração. Tem muita coisa para lembrar. Minha filha será lembrada em tudo e pelo legado que ela deixou”, acrescentou.
Relacionamento com o marido
No boletim de ocorrência que foi registrado, Ricardo Alexandre detalhou que ele e a ex-jogadora estavam juntos há 20 anos, mas que ele vinha enfrentando problemas de relacionamento.
“Nos últimos meses a relação já estava bem desgastada e ocorriam pequenas discussões, mas nada agressivo com ofensas e ou agressões, sendo que, da parte dele, ele apenas falava que não estava feliz ao lado dela e queria o divórcio para seguir um novo caminho“, diz um trecho do documento. Ao saber do falecimento, porém, ele ficou “abalado e impactado“.
No boletim, também afirma que “há cerca de três anos, enquanto ela jogava vôlei em Uberlândia, durante uma conversa, a jogadora insinuou praticar ato contra a própria vida, fato que fez Ricardo ir até a cidade e ter uma conversa com os pais dela, expondo todo o problema que estava acontecendo“.
O marido não fez o processo de reconhecimento do corpo de Walewska. Ele teria deixado as roupas da atleta na portaria do prédio para que a funerária recolhesse e fizesse a preparação para o velório, que aconteceu ontem (23), em Belo Horizonte. Ricardo não compareceu à cerimônia.
Investigação
A área do 17º andar de onde Walewska teria se jogado era um espaço de lazer. Lá, a polícia encontrou sobre uma mesa uma “garrafa de vinho com uma taça, ambas com vinho pela metade”. No mesmo local estava um celular e uma pasta com uma folha sulfite, “onde foi feita uma carta que seria da vítima, aparentemente de despedida”. O conteúdo da carta não foi divulgado até o momento.
Ainda no boletim de ocorrência, foi registrado que uma auxiliar de limpeza do condomínio afirmou ter visto a atleta sentada na área de lazer, bebendo uma taça de vinho. As duas teriam conversado rapidamente. Segundo a profissional, Walewska “não chorava e falava normalmente”.