A seca na Amazônia, floresta úmida na região norte do Brasil, tem levado a um fenômeno conhecido como megaincêndio. Muito mais devastador que um incêndio florestal, os megaincêndios na Amazônia afetam áreas correspondentes a dez mil campos de futebol.
Esse tipo de episódio tem ganhado frequência devido a algumas variáveis. Dentre elas, estão fenômenos climáticos como o El Niño e também o aquecimento global.
Ao G1, a pesquisadora Erika Berenguer afirma que ainda que sucedam 30 anos de um incêndio florestal, “as florestas ainda armazenam 25% a menos de carbono do que uma floresta que nunca pegou fogo”. Nesse sentido, mesmo um incêndio típico já é devastador.
Desde novembro, Liana Anderson, do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), destaca os focos de calor no Baixo Tapajós. Ainda, o ano de 2015 também teve grande influência do fenômeno do El Niño e houve megaincêndios na Amazônia nesta mesma localidade.
O El Niño
Liana explica ao G1 que o fenômeno do El Niño leva à diminuição das chuvas e aumento da temperatura. Por conta disso, “o El Niño tem esse poder de amplificar a ocorrência do fogo, dos incêndios e das queimadas.”
Além disso, há a questão da suscetibilidade de uma floresta já danificada. “Quando a floresta está tomando um patamar que está se recuperando, começando a ter uma estrutura florestal, ela é atacada pelo incêndio novamente, o que a torna muito mais suscetível ao longo dos anos também ao incêndio”, adiciona Paolla Bianca Coelho, técnica ambiental do ICMbio.
Incêndios de grandes dimensões também surgem de transformações na floresta. Quando uma árvore desaba ou é derrubada, surge um espaço com escassa vegetação. Isso permite que a luz solar e o vento penetrem facilmente, resultando em um solo mais seco. Nas florestas tropicais, como a Amazônia, essa condição reduz a umidade, tornando-as mais propensas a incêndios.
Na região amazônica, os incêndios têm origem em atividades humanas, seja para desmatamento em áreas de pastagem ou para plantio. Por conta da abundância de material inflamável na floresta, uma vez que o fogo se propaga, é praticamente impossível contê-lo.
“O grande desafio agora é evitar mais fogo e deixar a floresta recuperar naturalmente. Mas vai demorar. Séculos”, finaliza ao G1 o pesquisador Jos Barlow, das universidades UFPA e Lancaster.
Preocupante…
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El Niño vai impactar temperaturas. Sul deve ter chuvas acima da média, e Amazônia pode enfrentar seca.https://t.co/JyoBjFDHh7
— 🐧MEU REFÚGIO NERD🍥 (@MeuRefugioNerd) December 21, 2023
*sob supervisão de Camila Godoi