No Carnaval e em qualquer contexto, devemos evitar expressões que promovam o preconceito racial. Assim, o uso de expressões racistas contribui para a exclusão, perpetua estereótipos prejudiciais e pode causar ofensa e desconforto.
Dessa forma, o Carnaval deve ser um ambiente festivo e inclusivo, uma vez que é uma celebração cultural marcada pela diversidade.
Além disso, a Lei 14.532/2023 sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tipifica o racismo linguístico como racismo recreativo, podendo, portanto, resultar em uma pena de 2 a 5 anos.
O linguista Gabriel Nascimento (via UOL) selecionou algumas expressões racistas utilizadas durante a época festiva que devem ser evitadas. Confira a seguir:
Música de Carnaval que menciona “Nega Maluca”
A expressão “Nega Maluca” é considerada racista, especialmente quando associada à música homônima do grupo Harmonia do Samba. A letra da música utiliza o termo “Nega, maluca, solteira, tarada” como um refrão perverso, associando mulheres pretas a uma adjetivação pejorativa, destacando o termo “maluca“.
Para o escritor Ale Santos, a “nega maluca” é uma forma de adaptação brasileira do humor racista estadunidense aos tipos físicos africanos.
A “Nega maluca” é um estereótipo diretamente ligado com a prática racista do Black Face, é a adaptação brasileira do humor racista de menestréis estadunidenses aos tipos físicos africanos.
Está tão enraizada que virou “cultura” em algumas regiões, mas não deixa de ser racismo. pic.twitter.com/mVRrLJYzcG
— Ale Santos (@Savagefiction) February 18, 2023
“Não existe forma de ler esse estereótipo senão uma chacota com o corpo, o cabelo e os lábios de mulheres pretas. É puro e simplesmente isso, uma forma de diminuir e desumanizar que está conectada a todas as outras dimensões do racismo“, escreve Santos em suas redes.
O uso da palavra “Tribufu” no Carnaval
As pessoas costumam utilizar a palavra “Tribufu” para adjetivar mulheres pretas como feias. Isso porque há um movimento no Brasil de utilizar palavras africanas ou de origem africana para adjetivações ou substantivações negativas.
“Foveiro” é expressão racista
As pessoas utilizam a palavra “foveiro(a)” no Carnaval da Bahia para se referir a jovens de periferia que frequentam blocos de artistas do pagodão baiano. Embora alguns tenham ressignificado de maneira amistosa, considera-se essa expressão inequivocamente racista.
O termo associa negativamente jovens, predominantemente negros, à periferia. Do mesmo modo, em carnavais do Rio e de outras capitais, as pessoas costumam substituir a expressão por “favelado“, que também possui carga pejorativa.
“Mavambo”, o que é?
A palavra “mavambo” tem origem em línguas africanas e as pessoas a utilizam durante o Carnaval, especialmente em blocos com uma forte presença gay.
Essa expressão refere-se a homens de pele escura que a mentalidade racista do mundo gay heteronormativo transforma em símbolos sexuais. Assim, a idealização acaba por reduzir suas identidades a seus órgãos sexuais, destacando o problema da objetificação racial no contexto.
* Sob supervisão de Lilian Coelho