Câmeras de segurança registraram um homem arrastando um saco plástico com o corpo de uma mulher trans para dentro até um terreno baldio em Guaíra, interior de São Paulo. O corpo pertencia a Jenifer Luiza, jovem de 26 anos que estava desaparecida desde quinta-feira (14), e foi encontrada morta nesta segunda (18).
De acordo com a Polícia Civil, o homem presente nas imagens foi identificado e preso. O delegado Rafael Faria Domingos, da Seccional de Barretos, afirmou que o suspeito já estava foragido da Justiça de Pernambuco com uma sentença de 17 anos após um roubo. O acusado, de 22 anos, confessou que ocultou o corpo de Jenifer, mas disse que outro homem havia sido responsável pela morte da moça.
O homem indicado, de 24 anos, foi preso e tinha histórico de fuga da polícia por tráfico de drogas no literal de São Paulo. Na delegacia, negou sua participação no homicídio e culpou o outro detido. Já que a motivação do crime ainda não foi encontrada, o delegado Domingos exigiu a prisão temporária dos suspeitos. Os homens foram encaminhados para a cadeia pública de Colina, conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP). O caso ficará sob a responsabilidade da Delegacia Seccional de Barretos como homicídio e ocultação de cadáver.
Repercussão
A prefeitura de Guaíra publicou uma nota de pesar nas redes sociais após a morte de Jenifer e repudiou o crime. Segundo o órgão, a jovem costumava frequentar os eventos do Fundo Social de Solidariedade de Guaíra, e havia conquistado o título de “Musa Trans Verão”.
“Em razão disso e por respeito a ela e seus familiares, o Baile da Melhor Idade com o tema do Mês da Mulher, que seria realizado nesta sexta-feira (22), foi cancelado. Não há motivos para celebrar algo neste momento de pesar e de monstruosidade que ocorreu com uma representante da comunidade LGBTQIAPN+ e que tinha tanta alegria de viver”, diz a nota.
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Violência contra pessoas trans
Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) indicam que os assassinatos de pessoas transexuais aumentaram mais de 10% de 2022 a 2023. O levantamento, publicado em janeiro deste ano, registrou 145 homicídios e 10 suicídios.
Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal considera a homofobia e a transfobia crimes que se enquadram dentro da Lei de Racismo. São delitos que “envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou identidade de gênero”.