O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reconheceu que estudos indicavam a possibilidade de enchentes devido à elevação das chuvas. No entanto, afirmou que não investiu mais em prevenção porque o governo tinha outras prioridades, principalmente a questão fiscal. Leite negou que as mudanças em cerca de 480 normas ambientais sancionadas por ele em 2020 tenham relação com a crise climática no estado, defendendo que simplificar licenças não significa não proteger o meio ambiente.
Em uma entrevista à Folha, no Palácio Piratini, ele falou sobre os esforços para conter os danos das chuvas que devastaram cidades nas últimas semanas. Comentou também que, embora o apoio federal seja importante, o protagonismo na reconstrução é do governo estadual.
Onde era um bairro com mil casas, não existe mais nada. Vai ser duro reconstruir, mas vamos trabalhar juntos para isso. Minha solidariedade à comunidade de Cruzeiro do Sul. pic.twitter.com/O88Onru9k4
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) May 18, 2024
Eduardo leite falou sobre a situação atual do estado, explicou que alertas climáticos foram emitidos previamente em alguns estudos, mas “o governo também vive outras pautas e agendas”. O governador disse ainda que essa situação mostra que, agora, está sendo exigida uma nova postura diante dos alertas, tanto do governo quanto da população.
Cidades provisórias e conjuntos habitacionais
O governador explicou que a experiência no Vale do Taquari indica que cerca de 10% a 15% da população abrigada pode precisar de uma solução temporária prolongada até que alternativas definitivas sejam encontradas. Ele informou que o governo está oferecendo recursos para aluguel social, permitindo que as pessoas aluguem uma casa por até seis meses.
Além disso, estão considerando soluções de estadia solidária, onde o governo pagaria para que uma família hospedasse outra em sua casa. “Estamos projetando estruturas provisórias. Essas ‘cidades temporárias’ serão abrigos em estruturas feitas com espaços adequados às famílias para um período um pouco mais longo, de alguns meses, até eventualmente termos a solução das moradias definitivas”.
Estive hoje em Encantado, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul e Lajeado, cidades fortemente atingidas pelas enchentes das últimas semanas. Levei o meu abraço e renovei o meu compromisso aos moradores do Vale do Taquari, prefeitos, voluntários e todos que estão envolvidos com a… pic.twitter.com/7InGGb2AKm
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) May 18, 2024
Investimento e estudos sobre situação climática
Dentro do que se chama de Plano Rio Grande, implementado desde a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva à RS, foi utilizado por Leite o exemplo do Plano Marshall para destacar o conceito central. Este plano de reconstrução do estado inclui a formação de um conselho da sociedade civil, que será composto por entidades empresariais e movimentos sociais.
Eduardo Leite explica: “há um comitê científico de adaptação e resiliência climática com academia, especialistas, para orientar as decisões que deverão ser feitas em relação a à reconstrução, e dentro desse processo de reconstrução, sistemas de proteção e resiliência. Sofremos as consequências dos desmatamentos na Amazônia e do que isso gera de mais umidade ou menos umidade trazida ao Rio Grande do Sul. A gente tem essa consciência”.
* Sob supervisão de Lilian Coelho