Pelo menos 50 museus foram impactados pelas intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul recentemente. De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, 19 instituições foram inundadas, enquanto outras nove enfrentaram problemas como transbordamento de calhas e formação de goteiras.
Equipes da secretaria, em conjunto com funcionários dos museus afetados, têm trabalhado arduamente para resgatar os acervos. A operação conta com o apoio de voluntários cadastrados por meio de uma convocação pública, totalizando 484 inscrições, das quais 313 são de técnicos e especialistas em patrimônio, incluindo conservadores, museólogos, restauradores e arquitetos.
A recuperação também recebe suporte de instituições de outras partes do Brasil e do exterior. Orientações especializadas, transmitidas on-line, ajudam a evitar maiores danos aos acervos durante o processo de limpeza. As instruções abrangem resgate de peças sujas de lama, procedimentos de higienização, secagem de objetos e até congelamento de documentos.
Na última semana, os documentos do Museu Estadual do Carvão do Rio Grande do Sul foram levados para o congelador de um frigorífico, visando à preservação após a inundação. O museu está localizado em Arroio dos Ratos, município da região metropolitana de Porto Alegre.
Doações e Apoio Técnico
Doris Couto, coordenadora do Sistema Estadual de Museus do Rio Grande do Sul, afirmou que a intenção é retirar as peças dos locais afetados assim que as águas baixarem. “Todo tipo de acervo pode ser restaurado e nada deve ser posto fora. A orientação técnica é fundamental nessa etapa”, ressaltou. Nos próximos dias, são esperadas doações de materiais de conservação, como papéis absorventes.
Entre as instituições que receberam as equipes de limpeza e salvamento estão o Museu e Biblioteca de Igrejinha, o Museu Visconde de São Leopoldo e a coleção documental e fotográfica do Instituto Pão dos Pobres, em Porto Alegre.
No domingo (19), as equipes atuaram em instituições no centro histórico de Porto Alegre, incluindo a Casa de Cultura Mario Quintana, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o Memorial do Rio Grande do Sul. As salas da Cinemateca Paulo Amorim ficaram submersas em meio metro de água, danificando poltronas, carpetes e aparelhos de ar-condicionado. Devido à quantidade de lama e umidade, ainda não é possível avaliar precisamente a extensão das perdas.
A Livraria Taverna, situada no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana, conseguiu proteger seus livros da inundação, mas os móveis foram severamente danificados pela água. Na semana passada, os livros foram removidos para evitar exposição contínua à umidade e ao risco de novas enchentes. O acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), localizado em andares superiores do mesmo edifício, não foi afetado.