Quase um mês após o fechamento, por tempo indeterminado, do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, os primeiros passageiros puderam embarcar e desembarcar, nesta segunda-feira (27), em voos comerciais, pela Base Aérea de Canoas, na região metropolitana da capital gaúcha.
A primeira companhia aérea a operar no terminal militar é a Latam. Foram dois voos chegando e dois partindo, conectando a base de Canoas aos aeroportos de Congonhas e de Guarulhos, ambos em São Paulo.
Procedente de Guarulhos, Thiago Silveira foi um dos passageiros que desembarcaram em Canoas no início da tarde.
Ele vive na Austrália e voltou ao Brasil para ajudar a mãe. “Eu tive que vir por causa da enchente toda. Vim ajudar minha mãe e volto em duas semanas”, contou.
Moradora de Porto de Alegre, Tatiana Borin estava em viagem de férias ao Rio de Janeiro. Ela havia chegado à capital carioca poucos dias antes do início das enchentes e acabou ficando impedida de voltar para casa por via aérea.
“A minha volta estava marcada para semana passada e todos os voos foram cancelados, aí remarcou para hoje. Ainda não sei o que vou encontrar”, afirmou.
Novas operações
A partir do próximo sábado (1º), começam as operações da GOL e da Azul e, com isso, a Base Aérea receberá 10 voos por dia, sendo cinco chegadas e cinco partidas, que é o máximo da capacidade de operação homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) neste período de malha aérea emergencial.
De acordo a Fraport, concessionária do Aeroporto Salgado Filho e que está executando a operação emergencial e temporária via base aérea de Canoas, esse número de voos é o limite da capacidade de processamento diário de embarques, desembarques, pousos e decolagens.
A base aérea segue normalmente operando como unidade militar, que centraliza os esforços de resgate e logística de recebimento e destinação de donativos para diversas regiões do estado.
Como funciona
A operação via Base Aérea de Canoas é toda feita a partir de um terminal provisório de passageiros montado no Park Shopping Canoas, que fica a cerca de 3 quilômetros da base aérea.
Localizado no piso 2 do shopping, em uma área de 424 metros quadrados, o terminal provisório dispõe de um espaço para que as companhias aéreas realizem o check-in, despacho de bagagem e embarque dos passageiros.
No local foram instalados equipamentos de raio-X e pórticos detectores de metal para a inspeção de passageiros e bagagens de mão. Toda a operação é supervisionada pela Polícia Federal, conforme exige a legislação aeroportuária.
Dali, eles saem de ônibus até a pista da base aérea, num procedimento similar aos embarques remotos que ocorrem nos aeroportos convencionais.
Da mesma forma, que desembarca em Canoas, segue da pista em ônibus diretamente para o terminal provisório no ParkShopping, onde encerram seus voos com a restituição de bagagem.
“O procedimento foi o mesmo modelo já tradicional em aeroportos. Os passageiros chegam aqui no terminal [shopping], fazem o seu atendimento, check-in, despacham suas bagagens, passam por todos os procedimentos de segurança, e embarcam nos ônibus que os levam até a base aérea de Canoas e até o embarque na aeronave”, explicou Rafael Guerra, gerente de Comunicação da Fraport.
Orientação aos passageiros
A orientação da Fraport Brasil é que os passageiros se apresentem no Terminal ParkShopping no mínimo três horas antes do horário de decolagem previsto.
O processo de embarque se encerrará uma hora e meia antes do voo. Após este período, não será possível ingressar na sala de embarque.
O acesso de passageiros à Base Aérea será exclusivo para aqueles que realizaram os procedimentos de embarque no ParkShopping Canoas e somente com ônibus identificado pela Fraport Brasil.
Os passageiros não devem se dirigir diretamente à Base Aérea.
A Anac autorizou a operação de voos comerciais na Base Aérea de Canoas no último dia 20. A partir daí, Latam, Azul e Gol reprogramaram parte de seus voos no estado.
A princípio, o uso da base aérea é temporário, e vai até que o aeroporto de Salgado Filho esteja apto a operar novamente. Ele está fechado desde o último dia 3, sem previsão para reabrir.
Segundo a Fraport Brasil, é necessário aguardar que as águas baixem para avaliar a real dimensão dos danos e só então definir um plano de recuperação do terminal.
Com a chuva, a pista de pousos e decolagens ficou submersa. Em alguns pontos do terminal de passageiros a água chegou a subir 2,5 metros.