Saiba mais sobre o ‘Bordel Cibernético’, gerado por inteligência artificial

Será lançado em Berlim o primeiro bordel cibernético do mundo, oferecendo aos adultos a possibilidade de reservar uma hora com bonecas sexualizadas equipadas com Inteligência Artificial (IA). O serviço será inaugurado após uma fase de testes, permitindo interações verbais e físicas com personagens de IA.

Segundo uma análise da consultoria SplitMetrics, aplicativos de IA voltados para companhia já alcançaram 225 milhões de downloads na Google Play Store. Misha Rykov, pesquisador de privacidade do projeto Privacy Not Included, da Fundação Mozilla, afirmou que o uso de IA para oferecer companhia pode ser lucrativo, mas a combinação dessa tecnologia com o setor de entretenimento adulto levanta preocupações.

“Muitas pessoas se sentem mais confortáveis ​​em compartilhar assuntos privados com uma máquina, porque ela não julga. Antes, havia um interesse significativo em bonecas com dubladoras, onde os usuários podiam apenas ouvir a voz e interagir com a boneca. Agora, há uma demanda ainda maior por interação com inteligência artificial”, explica Philipp Fussenegger, fundador e proprietário da Cybrothel, em entrevista à BBC.

Possíveis riscos do ‘Bordel Cibernético’

Especialistas apontam problemas inerentes à IA generativa, que cria novos conteúdos com base nos dados de treinamento. Kerry McInerney, pesquisadora sênior do Centro Leverhulme para o Futuro da Inteligência, da Universidade de Cambridge, alerta para o risco de perpetuação de estereótipos de gênero retrógrados em chatbots sexuais. Além disso, Rykov menciona o risco de dependência, especialmente em homens solitários, e a presença de conteúdos inapropriados, como abuso e violência, já encontrados em alguns chatbots.

“É crucial que compreendamos que tipos de conjuntos de dados são usados ​​para treinar chatbots sexuais, caso contrário, corremos o risco de replicar ideias sobre sexo que rebaixam o prazer feminino e ignoram o sexo que existe fora das relações heterossexuais.” explica McInerney, ainda a BBC.

Outros especialistas alertam sobre os possíveis impactos negativos dessa tecnologia nas relações reais. No entanto, empresas do setor argumentam que a IA pode melhorar a experiência sexual sem substituir as interações humanas. Philipp Hamburger, chefe de IA da Lovehoney, afirma que a empresa pretende “melhorar a experiência sexual dos seus clientes, em vez de substituí-la, o que é uma fronteira importante a traçar”.