A União Europeia (UE) tem assistido um avanço preocupante da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Este fenômeno possivelmente fará com que algumas políticas centrais sejam revisitadas, uma vez que os impactos no cenário político e social são significativos.
Partidos ultranacionalistas e conservadores tiveram um grande desempenho nas três maiores potências da União Europeia: Alemanha, França e Itália. Na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou o segundo lugar, superando o Partido Social Democrata do chanceler Olaf Scholz.
Enquanto isso, na França, o União Nacional, liderado por Marine Le Pen, obteve mais do que o dobro de votos do partido Renascimento, de Emmanuel Macron, forçando o líder francês a dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições parlamentares. Na Itália, o partido Irmãos da Itália, da da premiê ultraconservadora Giorgia Meloni, também saiu vitorioso.
Embora esses partidos não tenham alcançado a maioria no Parlamento Europeu, o resultado das eleições nos três principais países do bloco envia uma mensagem clara que não pode ser ignorada.
Políticas de imigração
Com o avanço da extrema direita, a tendência é que as políticas de imigração se tornem mais restritivas, com leis mais rígidas e controles fronteiriços reforçados. Isso porque a retórica contra imigrantes e refugiados é endossada, alimentando sentimentos xenofóbicos e aumentando a tensão social. Grupos minoritários, incluindo comunidades étnicas e LGBTQ+, podem enfrentar maiores riscos de discriminação e violência.
De fato, a Europa enfrenta um grande e desordenado influxo de imigrantes, o que fortalece o discurso ultranacionalista, especialmente contra imigrantes da África e muçulmanos. Por isso, Bruxelas precisará revisar suas políticas e adotar medidas mais rígidas para organizar melhor a situação, o que poderia reduzir o apelo da mensagem ultraconservadora.
Nas relações internacionais, partidos de extrema direita geralmente defendem políticas isolacionistas, o que pode afetar as relações da UE com outras nações e blocos econômicos. Mudanças nas alianças e parcerias internacionais são possíveis, com alguns partidos mostrando simpatia por regimes autoritários ou questionando alianças tradicionais, como a OTAN.
Mudanças climáticas
O combate ao aquecimento global será significativamente impactado pelo avanço da extrema direita na União Europeia. Até agora, a UE, governada por uma coalizão de centro-direita e centro-esquerda, implementou políticas ambiciosas para combater as mudanças climáticas.
Essas políticas incluem a adoção de uma matriz energética mais limpa, sanções contra importações de países que desmatam e regras rigorosas para o uso da terra e dos recursos naturais. No entanto, essas medidas têm altos custos políticos e econômicos.
A extrema direita, frequentemente contrária a essas políticas, argumenta que os europeus pagam um preço muito alto, inclusive com aumento da inflação, por liderarem esse debate, enquanto outros países e blocos concorrentes adiam ações similares.
Além disso, alguns políticos ultraconservadores são negacionistas climáticos. A resistência da extrema direita a essas políticas pode diminuir o impacto das iniciativas europeias para combater as mudanças climáticas.
Integração da União Europeia
A ascensão da extrema direita aumentará as dificuldades para uma maior integração entre os países do bloco e tornará mais difícil a entrada de novas nações na União Europeia.
Esses partidos, defensores de um nacionalismo extremado, muitas vezes argumentam que a União Europeia deveria ser um bloco comercial mais fraco, em vez de uma unidade política forte. Assim, a UE pode evitar medidas de maior integração política, mantendo o status quo.
Há também uma crescente resistência às instituições supranacionais, como o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia. Muitos partidos de extrema direita promovem a devolução de poderes para os estados-membros, enfraquecendo a integração europeia. Essa resistência questiona a legitimidade e a eficácia das instituições da UE.