O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que possui 20% de apoio nas pesquisas nacionais, está buscando na Justiça retirar a classificação de extrema direita atribuída a ele em 2021 pelo Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV). A decisão sobre este caso deve ser tomada esta semana por um tribunal em Munster. Se confirmada, a classificação permitirá à agência monitorar o partido regularmente, incluindo escutas telefônicas e uso de informantes.
Manter o rótulo de extremista para o AfD, que conta com 78 dos 735 deputados do Parlamento alemão, é uma medida para conter seu crescimento, especialmente em três estados que terão eleições este ano, nos quais o partido é o mais popular. Suas posições anti-imigração, contra a União Europeia (EU) e ao sistema político refletem o descontentamento com o governo federal liderado por Olaf Scholz.
Embora o partido tente se distanciar dessa designação, serviços de inteligência indicam que 10 mil dos seus 28 mil membros são considerados extremistas, especialmente a ala jovem conhecida como Alternativa Jovem, vista como a mais radical.
Uma derrota na contestação judicial colocaria mais pressão política sobre o AfD, poucos meses antes das eleições regionais e europeias. Em janeiro passado, centenas de milhares de alemães protestaram contra um suposto plano do partido de realizar deportações em massa de imigrantes e cidadãos de origem estrangeira.
Desde então, o debate sobre a proibição do AfD tem se intensificado em alguns estados, com argumentos de que o partido ameaça a ordem constitucional livre e democrática da Alemanha. Relatórios de inteligência destacam a questão étnica como um fator na definição do povo alemão, relembrando a experiência da ditadura nazista de Adolf Hitler e a legislação rigorosa do país para evitar a repetição desse período sombrio.
* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.