Ricardo Rocha Falco, amigo de Robinho, admitiu ter combinado depoimento com o ex-jogador para “livrar a barra” no caso de estupro de uma mulher albanesa em uma boate de Milão, em 2013.
Falco entregou-se à polícia na última sexta-feira, 7 de junho, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o cumprimento imediato da pena no Brasil. Tanto ele quanto Robinho foram condenados a nove anos de prisão.
“Quero que isso acabe, porque há cinco anos minha vida é um pesadelo, um fantasma. Vou dizer toda a verdade, faço questão. Eu guardo isso há muito tempo e precisava colocar para fora”, afirmou Falco em entrevista ao Domingo Espetacular, concedida na presença de seus irmãos e advogado.
Negativa de estupro e relação com Robinho
Falco relembrou a noite do incidente e negou que tenha havido estupro. Ele conheceu Robinho enquanto trabalhava como assistente em um escritório de assessoria esportiva e afirmou que nunca foi motorista do ex-jogador, apenas amigo.
“Eu combinei o depoimento pensando nele, para ser fiel à amizade. Não cometemos o estupro, mas ele foi sincero quando depôs. Eu não tive relação com ela. O que importa para mim é o que a vítima fala. Eu nem encostei nela”, disse Falco.
Falco conviveu com Robinho e sua família, saindo juntos para restaurantes e frequentando a casa do ex-atleta. “Ele era um cara bacana”, afirmou Falco, acrescentando que Robinho confiava nele a ponto de dar-lhe o cartão de crédito para sair com amigos.
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A noite do incidente
Na noite de 22 de janeiro de 2013, Falco estava com Robinho e outros quatro homens: Clayton Santos, Rudney Gomes, Fabio Galan e Alex “Bita” Silva. Segundo Falco, a vítima se aproximou do grupo. “Ela estava interessada no Robinho”, disse.
Em determinado momento, um dos amigos de Robinho ficou com a vítima e depois chamou o jogador, que então chamou os outros. “O Robinho saiu e me chamou: ‘vamos lá’. Eu entrei e vi o que estava acontecendo. A pessoa não estava jogada no chão, como ela disse”, relatou Falco.
Um segurança apareceu e todos saíram do local. “O Robinho tinha saído antes. Ela ficou chorando em um canto”, afirmou Falco.
A vítima relatou à polícia que foi abusada na chapelaria da boate. “Depois disso, lembro de estar no camarim e o mesmo amigo forçando um beijo. Um segurança apareceu e o retirou. Robinho e um amigo começaram a se aproveitar de mim. Depois chegaram mais quatro rapazes, dois deles participaram. No começo, pensei que Ricardo Falco estivesse só assistindo. Quando tudo acabou, comecei a chorar”, disse a vítima.
Falco negou que todos tenham participado. “Seis homens estavam lá dentro, mas não foram seis que tiveram relações com ela. Eu e mais um não tivemos contato com a vítima”, alegou.
Conversas interceptadas e depoimentos
Conversas interceptadas pela polícia italiana mostram que Robinho e Falco combinaram versões dos fatos. Em uma das conversas, Falco diz que “entrou na mente” da vítima.
“Disse que não estava lá. Ela estava brava porque achou que eu tinha que separar. Vi que ela não se lembrava de nada. Foi quando entrei na mente dela”, disse Falco para Robinho.
Falco admitiu ter combinado o depoimento. “Eu não fiz nada, e o único depoimento que dei foi como testemunha. Não fui acusado.”
A defesa da vítima nega essa afirmação. “Ele não foi indicado na primeira denúncia porque a vítima não se lembrava de quantas pessoas participaram. O envolvimento de Falco surgiu durante as investigações, que resultaram na sentença definitiva”, afirmou o advogado da jovem.
Falco revelou medo de que material genético seu fosse encontrado no vestido da vítima. “Tenho certeza que alguma coisa minha vai constar. Fiz o exame e tenho certeza que, quando sair o resultado, vão me chamar”, disse.
Defesa e acusações
Falco afirmou que se sentiu traído por Robinho, que alegou que Falco “armou” tudo. “Ele tentou desviar o foco, jogando a culpa em mim, pois eu morava lá. Eu o classifico como traíra, mas também como um cara desesperado.”
A defesa de Robinho não se manifestou sobre as declarações de Falco. Já a defesa de Falco tenta reclassificar o crime no Brasil e anular a condenação para que ele não cumpra pena no país.
“Se a vítima estivesse aqui, ela diria que eu não tenho culpa. Ela sabe que nunca fiz nada com ela. Eu nunca fui acusado pela vítima, era testemunha do caso”, finalizou Falco.