Um levantamento feito pela agência Austin Rating mostrou que o real foi a sétima moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar em 2024. As informações foram fornecidas com base nos dados do Banco Central do Brasil (BC).
A moeda brasileira subiu duas posições no ranking, que engloba 118 países, se comparado ao ano passado. A mudança foi causada por uma queda de 9,5% no valor do real em 2024, até o fechamento dos mercados, que ocorreu na última terça-feira (11).
Naquele dia, inclusive, o dólar comercial subiu para R$5,36, alcançando maior valor já visto desde janeiro de 2023. Porém, para a elaboração do ranking, a cotação considerada para o dia foi de R$5,35. Isso porque a Austin Rating considerou taxas de câmbio de referência Ptax, que são divulgadas todos os dias pelo BC.
A moeda nigeriana, segundo o levantamento, é a que mais se desvalorizou em 2024 frente ao dólar, com perdas de 42,8%. Logo depois, vêm as moedas do Egito, com queda de 35%, e a do Sudão do Sul, com 29.9%.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, explicou que entre as piores desvalorizações, estão países que enfrentam problemas internos graves. “Entre os países piores do que o Brasil, temos a Argentina, que vive uma crise econômica, e nações que enfrentam algum problema de confronto civil, como Nigéria, Egito, Sudão do Sul e Gana. Já o Japão tinha tido um bom desempenho, mas agora se desvalorizou por ter uma base fraca“, disse em entrevista ao g1.
Balança comercial do país afeta o real
Em 2023, a balança comercial brasileira passou dos US$ 98 bilhões, com o maior valor da série histórica. Por isso, é normal que haja uma correção de mercado para equilibrar o cenário.
A balança comercial de um país, que é a diferença entre a exportação e a importação, afeta diretamente o valor de sua moeda, já que influencia o dólar. Quando um país exporta mais do que importa, ele vende mais produtos e ganha mais dólares por isso, o que resulta em muita moeda na praça e uma queda no preço.
Porém quando importa mais do que exporta, o país acaba tendo que gastar mais dólares, o que significa que as moedas ficam escassas e o preço cai.
De acordo com especialistas, o movimento é resultado de uma menor demanda internacional, que está ligada às alterações nas taxas de juros nos Estados Unidos. Na prática, isso leva a uma reprecificação, causando uma redução na liquidez internacional.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini