O dólar comercial fechou em alta nesta quarta-feira (5), com os investidores atentos a uma série de indicadores locais e internacionais previstos para esta semana. Com isso, a moeda norte-americana alcançou seu maior nível desde janeiro de 2023, enquanto o Ibovespa recuou 0,32%, encerrando aos 121.407 pontos.
Com essa nova alta, o dólar começa o mês de junho com uma valorização de 0,91%, acumulando um aumento de 9,16% em 2024. Já o Ibovespa registrou uma queda de 0,57% nesta semana, com uma perda acumulada de 9,53% este ano.
Dólar atinge a cotação de R$ 5,30 enquanto o Ibovespa atinge o valor mais baixo do ano.
Tanto no mês de maio quanto no acumulado do ano, a bolsa brasileira teve o pior resultado do mundo. pic.twitter.com/Fd00Urz8R3
— Rafael Fontana (@RafaelFontana) June 5, 2024
O que movimentou o dólar?
O principal fator impulsionador da alta do dólar nas últimas semanas tem sido as incertezas sobre a postura do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, em relação à condução dos juros do país.
Na última sexta-feira (31), foi divulgado o índice de preços PCE de abril, que registrou uma inflação de 2,7%, conforme as expectativas dos analistas, mantendo-se no mesmo patamar do mês anterior. Um dia antes, o PIB norte-americano do primeiro trimestre cresceu 1,3%, abaixo das expectativas de 1,6% e representando uma desaceleração em relação ao crescimento de 3,4% do trimestre anterior.
Esses números mais moderados têm levado o mercado a acreditar que o Fed pode iniciar um ciclo de cortes de juros em setembro. No entanto, os dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) mostraram um crescimento no setor de serviços dos EUA em maio, após uma contração no mês anterior. O índice de gerentes de compras não manufatureiro do ISM subiu de 49,4 em abril para 53,8 em maio, superando todas as estimativas dos economistas.
Além disso, o índice de atividade empresarial do relatório subiu 10,3 pontos, atingindo 61,2, o nível mais alto desde novembro de 2022.
Outro fator que tem contribuído para a alta do dólar em relação ao real é a variação dos preços das commodities e o cenário da balança comercial brasileira. O mercado também tem demonstrado desconforto com o cenário fiscal do Brasil. Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revisou a projeção fiscal do Brasil para um déficit zero em 2025, em vez do superávit de 0,5% do PIB previsto anteriormente.
Principais destaques da semana
Nesta terça-feira, o destaque ficou por conta do PIB brasileiro, que subiu 0,8% no primeiro trimestre deste ano em comparação aos três meses anteriores, e 2,5% na relação anual. O crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços, que registrou uma alta de 1,4%, e pela agropecuária, que cresceu 11,3%. A indústria, porém, teve uma leve queda de 0,1%.
“No primeiro trimestre, o crescimento da economia foi totalmente baseado na demanda interna”, afirmou ao g1 Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
No cenário internacional, o banco central do Canadá cortou seus juros básicos em 25 pontos-base pela primeira vez em quatro anos, reforçando as expectativas de uma tendência de juros mais baixos. Na Europa, a expectativa é pela nova decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), prevista para esta quinta-feira (6), que pode iniciar um ciclo de cortes de juros na região.
Na China, os dados da balança comercial de maio serão divulgados na sexta-feira (7). No mesmo dia, os Estados Unidos liberarão os novos dados do payroll, o mais importante relatório do mercado de trabalho, referentes a maio.
Na próxima semana, o destaque será a tão esperada decisão sobre os juros norte-americanos, prevista para quarta-feira (12).