Em discurso durante o encerramento da Conferência Internacional do Trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a taxação dos super-ricos e a necessidade de um compromisso coletivo para combater desigualdades sociais. O encontro, que faz parte da agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), foi realizado em Genebra, na Suíça.
O presidente não poupou críticas à concentração de renda global, mencionando que parte da riqueza acumulada poderia ajudar significativamente no combate às mudanças climáticas e na promoção do desenvolvimento social. Essas questões estão sendo levadas para o debate no G20, visando a implementação de políticas mais justas e eficazes.
“Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma das riquezas do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática. A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, afirmou o presidente, em referência ao bilionário Elon Musk, dono da empresa de exploração espacial Space X.
Lula ressaltou que que a justiça social é uma das prioridades da presidência do Brasil no G20, grupo das 20 maiores economias do mundo: “estamos discutindo como promover uma transição justa e utilizar as tecnologias emergentes para melhorar o universo laboral. Nossa iniciativa prioritária, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, busca acelerar os esforços para eliminar essas chagas. O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20”.
Para o presidente, é urgente “recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento“, uma vez que “a mão invisível do mercado só agrava desigualdades” e o “crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização“.
O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino…
— Lula (@LulaOficial) June 13, 2024
Lula defende inclusão na Era Digital
A transição ecológica foi outro ponto abordado por Lula. Ele ressaltou que as florestas tropicais e os recursos naturais não devem ser vistos apenas como fontes de exploração econômica, mas como fundamentos para um desenvolvimento sustentável.
“As florestas tropicais não são santuários para o deleite da elite global, tampouco podem ser tratadas como depósitos de riquezas a serem exportadas. Debaixo de cada árvore vivem trabalhadoras e trabalhadores que precisam de emprego e renda. A sociobioeconomia, a industrialização verde e as energias renováveis são grandes oportunidades para ampliar o bem-estar coletivo e efetivar a transição justa que defendemos”, afirmou Lula, destacando ainda que a transição ecológica deve ser pensada junto com a transição digital.
Além disso, o presidente enfatizou a necessidade de incluir habilidades digitais e sustentáveis na formação da força de trabalho atual, preparando-a para uma economia global descarbonizada e tecnologicamente avançada.
“Ações e políticas voltadas para o desenvolvimento de habilidades digitais e sustentáveis serão fundamentais em uma economia global cada vez mais descarbonizada e intensiva em tecnologia […]. A inteligência artificial transformará radicalmente nosso modo de vida. Teremos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a parte melhor. Do contrário, tenderá a reforçar vieses e hierarquias geopolíticas, culturais, sociais e de gênero”, destacou.
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Lula também voltou a defender a participação mais igualitária dos países em desenvolvimento nos organismos de governança global: “Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que contribuam para a resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global. Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente”.
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