O primeiro caso de poliomielite na Faixa de Gaza foi confirmado, levando o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Philipe Lazzarini, a alertar nesta sexta-feira (23) sobre o risco de disseminação da doença. Segundo ele, o vírus não distinguirá entre crianças palestinas e israelenses.
Lazzarini ressaltou que adiar uma trégua humanitária na região pode aumentar as chances de contaminação entre crianças dos dois lados do conflito. “Não basta levar as vacinas para Gaza e proteger os sistemas de refrigeração”, afirmou, destacando a necessidade de vacinar todas as crianças menores de 10 anos.
A Unrwa também anunciou que disponibilizará suas unidades de saúde e clínicas móveis à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) a partir do fim do mês, para apoiar as campanhas de vacinação.
A OMS confirmou que, após 25 anos, a poliomielite voltou a ser registrada na Faixa de Gaza. O caso envolve um bebê de 10 meses da cidade de Deir al-Balah, no centro da região, que não havia recebido as vacinas contra a doença, popularmente conhecida como paralisia infantil.
Em uma postagem na rede social X (antigo Twitter), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou preocupação com a situação. “A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da criança para testagem em um laboratório certificado na região”, afirmou.
Ghebreyesus detalhou que “o sequenciamento genômico confirmou que o vírus está relacionado à variante do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza”. A criança afetada, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em condição estável.
Diante do risco elevado de propagação, o Ministério da Saúde Palestino, a OMS e o Unicef estão organizando duas rodadas de vacinação nas próximas semanas para conter a transmissão do vírus.
Segundo a reportagem da Agência Brasil, espera-se que mais de 640 mil crianças menores de 10 anos sejam vacinadas com a gotinha, a vacina oral contra a poliomielite, em cada uma dessas rodadas.
Em junho, o poliovírus foi identificado em amostras ambientais da Faixa de Gaza. Desde então, três crianças apresentaram suspeita de paralisia flácida aguda, um sintoma comum da pólio. Amostras de sangue foram enviadas para análise.
“A OMS vai entregar mais de 1,6 milhão de doses da vacina oral para conter o avanço do vírus na Faixa de Gaza. As vacinas e os equipamentos de refrigeração passarão pelo aeroporto Ben Gurion, em Israel, antes de serem encaminhados a Gaza no final de agosto”, informou a OMS.
A organização sublinhou a importância de garantir que o transporte das vacinas e dos equipamentos ocorra sem entraves, para que a campanha de imunização seja realizada conforme o planejado. Cerca de 2,7 mil profissionais de saúde, distribuídos em 708 equipes, foram mobilizados para a tarefa.
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