O Brasil está sofrendo com a seca mais abrangente e intensa dos últimos 70 anos, conforme revelado pelo mais recente relatório do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A prolongada estiagem tem trazido sérias consequências para o nível dos rios, a qualidade do ar e a produção agropecuária.
O documento aponta que a seca que começou em 2023 e persiste em 2024 já abrange cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, representando mais da metade do território nacional. No mês de agosto de 2024, 3.978 municípios estavam em estado de seca em diferentes intensidades, com 201 em situação de seca extrema.
Como a seca de 2024 se compara às secas dos anos anteriores?
O relatório do CEMADEN destaca que a seca atual, ao contrário das ocorrências anteriores, tem um caráter mais abrangente e cobre praticamente todo o país. A maior severidade é notada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte.
Entre 2012 e 2022, as secas eram mais localizadas, mas entre 2023 e 2024, a seca extrema se expandiu significativamente. Em comparação com outros anos secos importantes, como 1998, 2015 e 2020, 2024 não só apresenta maior intensidade como também uma área coberta muito maior.
Por que a seca está tão intensa em 2024?
Diversos fatores contribuem para essa situação extrema. Oscilações naturais do clima terrestre, como o El Niño Oscilação Sul e a Oscilação Multidecadal do Atlântico, têm um papel significativo. As mudanças climáticas provocadas pela ação humana também são determinantes, tornando esses eventos extremos mais frequentes e intensos.
- El Niño Oscilação Sul: Aumenta a variabilidade climática, contribuindo para períodos de seca.
- Oscilação Multidecadal do Atlântico: Afeta os padrões de chuva ao longo de décadas.
- Mudanças Climáticas: Ação humana intensifica eventos extremos devido ao aquecimento global.
Quais são as consequências da seca no Brasil?
A condição de seca prolongada tem causado diversos problemas em várias áreas do país:
- Nível dos Rios: Rios importantes como o Negro e o Solimões no Amazonas estão mais de 4 metros abaixo do registrado há um ano.
- Agropecuária: Cerca de 963 municípios em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso têm mais de 80% da área produtiva comprometida.
- Qualidade do Ar: A falta de chuvas e altas temperaturas facilitam incêndios, degradando a qualidade do ar.
- Incêndios Florestais: A estiagem propicia a formação e alastramento de incêndios que destroem fauna e flora.
Qual a perspectiva para os próximos meses?
As previsões para o relatório de setembro do CEMADEN não são otimistas. A temperatura da superfície do mar no Oceano Atlântico, acima do normal, pode atrasar a chegada da estação chuvosa, agravando ainda mais a condição atual de seca. Embora alguns episódios de chuva possam ocorrer na segunda quinzena, eles não serão suficientes para reverter o quadro.
O cenário é desafiador e demanda ações eficazes e imediatas para mitigar os impactos dessa seca histórica. A conscientização e o esforço conjunto de todos os setores da sociedade são fundamentais para enfrentar essa crise ambiental sem precedentes.
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